Autor(es): Vera Saavedra Durão - 03/07/2012
Caso a ThyssenKrupp acerte a venda do controle da Companhia
Siderúrgica do Atlântico (CSA), o grupo alemão terá que contar com a
anuência do BNDES, credor da siderúrgica, para fechar o negócio, apurou
o Valor. A CSA deve R$ 1,4 bilhão ao BNDES, valor que tomou emprestado
para construir a usina de aço em Santa Cruz, no município do Rio. O
investimento total no complexo siderúrgico, que um terminal portuário e
uma unidade termelétrica, foi de US$ US$ 8 bilhões.
A cláusula de anuência, em caso de venda de controle, é padrão em
vários tipos de contratos de financiamento tanto para o setor público,
quanto privado e consta no contrato entre BNDES e CSA. No caso do
futuro controlador, o banco vai analisar o novo sócio e se ele for
aprovado pode manter o mesmo contrato ou fazer algumas alterações (para
melhor ou para pior) que reflitam melhor a situação, se o futuro
controlador for um novo "entrante" (no banco). No limite, o contrato
prevê que a dívida pode ser exigível, ou seja, paga antecipadamente
pelo novo sócio. Isso vai, certamente, impactar o preço final do
negócio, exigindo um desembolso imediato maior do novo dono.
A quitação antecipada da dívida devido à troca de controlador da
empresa com financiamento no BNDES já aconteceu com o grupo chinês
State Grid, que comprou sete transmissoras de energia da espanhola
Plena Transmissora de Energia. A empresa espanhola tinha um empréstimo
no BNDES de quase R$ 1,5 bilhão. Neste caso, o banco optou por fazer
revisão dos contratos [que pode implicar em mudanças no prazo e nas
garantias]. A State Grid não aceitou as mudanças nas condições impostas
pela instituição e optou por quitar o débito antecipadamente.
Para analistas de mineração, o contrato de financiamento com o BNDES
pode ser mais um complicador para o grupo alemão se desfazer da CSA. Já
foi noticiado que o governo brasileiro tem preferência por um sócio
nacional para a siderúrgica, que já tem como acionista minoritário da
ThyssenKrupp a Vale, com quase 30%. Os analistas temem que haja uma
pressão, via BNDES, para barrar "sócios indesejáveis".
No mercado doméstico, até agora, a CSN foi a única a manifestar
interesse pela CSA. A Vale, que tem direito de preferência no acordo de
acionistas, não está interessada em aumentar sua participação na
empresa, mas está de "olho" no futuro sócio. O mercado aposta no
interesse de chineses e coreanos pelo negócio, num momento em que o aço
está oferecido e seus preços em forte queda.
Na semana passada, a Thyssen deu a partida para se desfazer da
subsidiária ThyssenKrupp Steel Americas ao contratar o Goldman Sachs e o
Morgan Stanley, dois bancos internacionais de renome, para atuarem no
processo de venda da CSA, no Brasil, e da laminadora do Alabama, nos
EUA.
Fonte: Valor Econômico
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