Congresso aprova LDO, mas rejeita flexibilização
de licitações da Petrobrás Autor(es): EDUARDO BRESCIANI -
18/07/2012
Texto
atende aos interesses do governo ao não garantir reajustes a servidores e a
aposentados que ganham acima de um salário mínimo
O governo tentou incluir na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2013 uma emenda que permitiria à Petrobrás e outras estatais fazer obras sem respeitar as tabelas de preços de licitações públicas. Isso abriria espaço para compras com menos controle e dificultaria a fiscalização de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU).
A
emenda chegou a ser aprovada pela Comissão Mista de Orçamento, mas no plenário
do Congresso a oposição pressionou e a tentativa foi abortada.
O
ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, esteve por trás da manobra. Ele fez
o pedido ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), que articulou a votação da emenda, e
ao líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE).
A
proposta foi aprovada na comissão, mas a oposição ameaçou impedir a votação da
LDO em plenário se a emenda não fosse retirada. Até integrantes da base se
mostraram contrários à manobra. "Essa emenda é criminosa. Ela torna legal
a empresa pública pagar preços acima do mercado", protestou na tribuna o
senador Pedro Taques (PDT-MT).
Petrobrás.
Coube à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, orientar o recuo. "Estava
buscando atender a um pleito de setores da Petrobrás, mas como há uma celeuma e
posições divergentes no governo, da minha parte podemos convergir e
retirar", disse Jucá.
O
texto que o governo tentou emplacar, sem sucesso, faria com que as estatais e
empresas de economia mista com atuação internacional e regime próprio de
licitação, como Petrobrás e Eletrobras, não tivessem mais de seguir as tabelas
oficiais de licitação: Sicro, para obras rodoviárias, e Sinapi, para obras
civis. O TCU tem usado essas tabelas para questionar obras das empresas e,
muitas vezes, recomendar ao Congresso que suspenda repasses de recursos.
A
LDO foi votada após uma batalha entre governo e oposição pela liberação de
emendas. O Planalto prometeu R$ 4,5 milhões para cada integrante da base e R$ 3
milhões para a oposição. Fiador do acordo, o presidente da Câmara, Marco Maia
(PT-RS), disse que fará um "check list" em agosto para ver se a
promessa está sendo honrada.
Para
facilitar a votação, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) retirou do
parecer a permissão para execução de investimentos do governo e de estatais,
entre eles do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), mesmo sem a
aprovação do Orçamento. O governo tenta aprovar essa permissão todos os anos,
mas ainda não conseguiu.
Mesmo
não tendo obtido vitória total, o texto atende aos interesses do governo ao não
garantir reajustes para servidores ou aposentados que ganham acima de um
salário mínimo. A proposta apenas autoriza o governo a negociar. O Congresso
incluiu a previsão de recursos para a Lei Kandir, que compensa Estados por
benefícios à importação, mas o texto foi redigido de forma a permitir o veto
sem criar conflitos com outros artigos.
Apesar
de o governo admitir que a economia não crescerá este ano como projetado, foi
mantido no texto a estimativa de expansão de 4,5% do Produto Interno Bruto
(PIB) este ano e de 5,5% para 2013. A LDO também garante reajuste de 7,35% para
o salário mínimo, que vai para R$ 667,75 em 2013. Do lado fiscal, o Congresso
manteve em R$ 155,9 bilhões a economia para pagar juros da dívida, o chamado
superávit primário. O valor equivale a 3,1% do PIB projetado, e o governo
poderá abater até R$ 45,2 bilhões com o PAC.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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