12/07/12
A Petrobrás deve amargar prejuízo milionário com a venda da refinaria de
Pasadena, nos Estados Unidos. Esse é um dos ativos que a estatal
pretende ofertar ao mercado, no programa de desinvestimento que vai
ajudar a financiar investimentos no pré-sal. Após anos de batalha
judicial com sua sócia, uma trading belga, a petroleira brasileira
fechou há duas semanas um acordo para aquisição de 100% da refinaria.
Ao todo, a Petrobrás pagou US$ 1,18 bilhão, em duas etapas, para comprar
uma refinaria que, há sete anos, custou US$ 42,5 milhões à sua agora
ex-sócia - quase 28 vezes menos.
Fontes que acompanharam a operação em diferentes estágios asseguram que o
valor de mercado hoje da refinaria texana, de baixa complexidade, é
muito menor do que o valor gasto pela Petrobrás para a obtenção do
controle. Poderia chegar a um décimo do que foi pago.
Os investimentos programados na época para dobrar a capacidade para 200
mil barris por dia e adequar a unidade ao processamento de óleo pesado
brasileiro, tornando-a mais sofisticada, nunca foram feitos.
Perguntada se espera retorno para os US$ 1,18 bilhão, a Petrobrás
afirmou, em nota, ter como princípio "trabalhar para agregar valor aos
seus ativos, e para tanto analisa constantemente as oportunidades do
mercado".
"Quando avaliamos a aquisição da refinaria, o cenário era de margens de
refino crescentes, a demanda mundial também estava em crescimento e não
havia previsões sobre a crise de 2008, com seus desdobramentos no
segmento de refino", disse a companhia, na nota.
A Agência Estado antecipou, no início de maio, a possibilidade de venda
da refinaria, em entrevista com o presidente da Petrobrás Americas,
Orlando Azevedo.
Apesar de haver diferenças de custos entre unidades de refino, uma
comparação de mercado poderia ser feita com a refinaria americana
Trainer, também para óleo leve, comprada no fim de abril deste ano pela
Delta Airlines por US$ 150 milhões. A refinaria processa 85% mais óleo
do que a de Pasadena. A Delta ainda recebeu US$ 30 milhões em incentivos
do governo para fechar o negócio com a ConocoPhilips.
O acordo em Pasadena, anunciado no último dia 29 pela Petrobrás,
desvinculou a petroleira da sócia Transcor/Astra. Em 2006, a trading de
energia belga vendeu 50% da refinaria à petroleira. A outra metade foi
repassada no mês passado, após encerrada a briga judicial, travada por
divergências entre os sócios sobre investimentos. A trading é
subsidiária do grupo NPM/CNP, controlado pela família Frère, com ações
negociadas em Bruxelas.
A empresa belga comprou 100% da refinaria em janeiro de 2005 por US$
42,5 milhões, segundo relatório financeiro enviado à bolsa europeia.
Onze meses depois, em 16 de novembro de 2005, foi fechado memorando de
entendimento para vender metade da refinaria à Petrobrás por mais de US$
300 milhões.
Em setembro de 2006 foi oficializada a aquisição por cerca de US$ 360
milhões, um negócio que o controlador belga descreveu em seu balanço
como "um sucesso financeiro acima de qualquer expectativa razoável". O
negócio foi aprovado em conselho de administração. Participaram da
coletiva de imprensa nos EUA os ocupantes, na época, da presidência da
Petrobrás, José Sergio Gabrielli, da diretoria de Abastecimento, Paulo
Roberto Costa, e da diretoria Internacional, Nestor Cerveró. O negócio
foi fechado em um momento de pico das margens de refino no mercado, que
depois caíram. Antes e depois do acordo a refinaria passou meses parada
para manutenção ou por causa da passagem do furacão Rita. Em 29 de junho
deste ano, a Petrobrás anunciou o pagamento de mais US$ 820,5 milhões
para encerrar processos na Justiça e comprar os 50% restantes da
refinaria.
Fonte: Agência Estado
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