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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Vídeo provoca crise na campanha de Romney


Autor(es): Por Alex Ribeiro | De Washington
A campanha do republicano Mitt Romney à presidência dos EUA se afundou ainda mais numa crise ontem com o vazamento de novos trechos de um vídeo gravado num evento de arrecadação de campanha, agora contendo declarações embaraçosas sobre o conflito entre israelenses e palestinos.
Romney diz que a disputa permanecerá "um problema a resolver" pois os palestinos não têm "nenhum interesse" em chegar a um acordo com Israel, segundo gravação divulgada pela "Mother Jones", uma revista de esquerda. O comentário sugere falta de habilidade de Romney para tratar dos grandes temas internacionais.
Ele já estava sob fogo cerrado por causa de um outro trecho da gravação, vazado anteontem, em que havia dito não se preocupar em ganhar os votos dos 47% dos americanos, que, segundo ele, apoiam o presidente Barack Obama porque não pagam imposto de renda, "são dependentes do governo" e "se acham vítimas".
A declaração se encaixa como uma luva na narrativa difundida pela campanha de Obama, de que Romney é um ex-executivo financeiro, milionário, que não se importa com os problemas enfrentados pela classe média americana.
O efeito do vídeo sobre as eleições ainda é bastante incerto. Alguns analistas políticos afirmam que ele representa uma pá de cal nas chances de Romney derrotar o presidente Obama, que disputa a reeleição fragilizado por baixos índices de popularidade. Outros, porém, afirmam que deslizes verbais desse tipo tendem a ser esquecidos rapidamente sem causar danos permanentes à candidatura.
O novo golpe ocorre num momento já difícil para Romney, que acabara de reorientar sua campanha, focando em propostas mais concretas para resolver a crise econômica. Obama mantém-se como favorito, desafiando a tese de que presidentes não se reelegem quando a taxa de desemprego é muito alta. Ele ganhou um novo impulso nas intenções de voto com a convenção de seu Partido Democrata, ocorrida há duas semanas.
Romney teve outro revés na semana passada, quando foi acusado de oportunista por criticar a política de Obama no Oriente Médio horas depois de o embaixador americano na Líbia ter sido morto.
Pesquisas diárias ainda não mostravam ontem uma queda na intenção de voto em Romney por conta do vídeo, gravado num evento com doadores ricos.
Ontem, Romney recebeu apoio de conservadores de seu partido, mas foi abandonado por moderados que disputam eleições em Estados com base eleitoral majoritariamente de centro-esquerda. É o caso do senador Scott Brown, que tenta a reeleição em Massachusetts, e de Linda McMahon, que concorre a uma cadeira no Senado em Connecticut. Ambos afirmaram discordar da tese dos 47%.
Em entrevistas, Romney buscou consertar o estrago. Disse que a declaração "não foi elegante", mas reflete um princípio fundamental de sua campanha: criar empregos e extinguir o Estado de bem-estar social no estilo europeu alimentado, segundo ele, por Obama.
"Acho que as pessoas gostariam de estar pagando impostos", disse Romney. "A direção certa não é apenas ter o governo dando coisas, mas, em vez disso ajudar, as pessoas a ter bons empregos de volta."
Romney já vinha usando essa estratégia de atacar os crescentes benefícios sociais concedidos nos EUA, mensagem que tem ampla aceitação entre eleitores brancos de classe média baixa, um dos grupos que podem decidir as eleições.
Já a campanha de Obama tentou pintar Romney como incapaz de governar para todos os americanos, ao rejeitar 47% da população. "Quando você é o presidente dos EUA, é o presidente de todos, não só dos que votaram em você", disse o porta-voz da Casa Branca.
Fonte: Valor Econômico - 19/09/2012

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