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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

FED BANCA MAIOR LIQUIDEZ E DÁ NOVO ÂNIMO A MERCADOS

FED DESPEJARÁ DINHEIRO NO MERCADO
Autor(es): Por Robin Harding e Vivianne Rodrigues | Financial Times

Uma semana depois de o Banco Central Europeu anunciar que comprará quantidades ilimitadas de títulos dos países em crise, o Fed americano comprometeu-se com um vigoroso terceiro capítulo da série de afrouxamentos monetários que tem executado para garantir a recuperação da economia. As novas ondas de liquidez, que se formam agora dos dois lados do Atlântico, devem trazer mais negócios e mais volatilidade aos ativos brasileiros. O real deve sofrer pressões de valorização e a bolsa, após meses chegando aos 60 mil pontos para escorregar novamente, agora tem espaço, segundo consultorias e analistas, para buscar os 70 mil pontos. Ontem, no movimento altista global, ela subiu 3,4% e fechou aos 61.958 pontos

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, lançou um programa sem prazo para terminar com o objetivo de desencadear a recuperação do país. O esforço consiste em injetar US$ 40 bilhões na economia todo mês por meio de compras de títulos lastreados em contratos de crédito imobiliário.
Ao contrário dos programas anteriores, a terceira rodada de afrouxamento monetário ("quantitative easing"), apelidada de "QE3", não tem um limite preestabelecido e se estenderá até que o mercado de trabalho melhore. Em combinação com as aquisições já existentes de títulos do Tesouro de vencimento dilatado, segundo os termos da operação "Twist", o Fed comprará US$ 85 bilhões ao mês em ativos pelo resto do ano, ritmo semelhante ao mantido por seu programa QE2 ao longo de 2010.
A maioria dos mercados reagiu positivamente ao anúncio do Fed. As ações deram um salto em Wall Street e a alta do índice S&P 500 puxou o mais amplo indicador de ações americano para níveis superiores a seu fechamento mais elevado desde 2007. Por seu lado, os títulos do Tesouro americano de maior vencimento caíram, puxando o rendimento sobre o bônus de 30 anos para patamares superiores à marca dos 3%.
O novo programa de afrouxamento quantitativo marca uma das guinadas mais significativas já empreendidas pelo Fed desde a crise financeira de 2008-09. O Fed vinculou pela primeira vez sua política monetária aos desdobramentos na área econômica - e prometeu não mudar a política enquanto ela não se revelar bem-sucedida. "Se o panorama do mercado de trabalho não melhorar significativamente, o comitê vai prosseguir em suas compras de títulos lastreados em contratos de crédito imobiliário das agências, efetuar aquisições adicionais de ativos e empregar seus outros instrumentos de política monetária apropriados até que se conquiste essa melhoria num contexto de estabilidade dos preços", informou o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, nas iniciais em inglês).
As compras de ativos persistirão automaticamente se o desemprego continuar alto, dando sustentação aos mercados financeiros e à economia. Espera-se que essa política de seguro estimule os consumidores a gastar e os investidores a aplicar seu dinheiro.
A iniciativa marca um exercício de autoridade decisivo de Ben Bernanke, o presidente do Fed cujo mandato se encerra em 2014, mas poderá impor um difícil desafio para um sucessor, que se virá comprometido com uma medida adotada por período ilimitado. O FOMC aprovou a medida por 10 votos contra 1.
O Fed também estendeu a validade de sua previsão de que os juros permanecerão "excepcionalmente" baixos do fim de 2014 até meados de 2015, e sugeriu que poderá tolerar uma inflação ligeiramente mais alta: "Para sustentar o avanço persistente rumo ao nível de emprego e estabilidade dos preços máximos, o comitê prevê que uma posição de política monetária altamente impulsionadora do crescimento continuará sendo adequada por um período considerável após o fortalecimento da recuperação econômica."
Ao contrário do previsto, o Fed só vai comprar títulos referenciados em contratos de crédito imobiliário. Isso deverá contribuir para reduzir as altas taxas do crédito imobiliário - um dos principais obstáculos à recuperação.
O Fed vinha se preparando para tomar medidas mais agressivas após a estagnação da recuperação econômica do país do terceiro trimestre. Mais de três anos após o fim da recessão, a taxa de desemprego dos Estados Unidos continua alta, em 8,1%.
O Fed não precisava fazer isso. Seus duplos poderes, de assegurar o pleno emprego e de combater a inflação, o impeliam a direções diferentes. A pressão política contra a adoção de medidas - com uma ruidosa facção do Partido Republicano se opondo, atualmente, à própria existência do Fed - foi intensa. Mesmo assim, com apenas um voto contrário, o presidente Ben Bernanke conseguiu aprovar o que deve ser visto como um conjunto de medidas surpreendentemente agressivo.
O Fed poderia ter sido específico ou ilimitado em seu compromisso com a expansão de sua demonstração de resultados. A definição cabe ao Fed, mas, com o desemprego em 8,1%, as compras deverão persistir até que ele caia para menos de 7%. Esse é um compromisso por prazo indeterminado de imprimir dinheiro.
O Fed, além de tudo, se comprometeu a deixar tua taxa referencial de juros em virtualmente zero até meados de 2015. Isso manterá os rendimentos dos papéis de dois anos em virtualmente zero. E a instituição continuará a implementar a Operação Twist, ao usar os rendimentos do resgate de seus bônus de menor vencimento para comprar títulos de vencimento mais dilatado.
As expectativas de inflação do mercado de bônus, dos preços das commodities e das ações estão subindo. Não há qualquer medo de deflação que justifique as atuais medidas, como havia quando as duas primeiras doses de afrouxamento quantitativo foram divulgadas, em 2009 e 2010. Até mesmo o mercado de imóveis residenciais parece ter se estabilizado.
Então, por que fazer isso? Os dados mais recentes dos gerentes de compras mostraram que as novas encomendas despencaram para seu patamar mais baixo desde 2009. Há motivos genuínos para temer uma nova recessão, e não há motivos para confiar que os políticos pactuarão uma política fiscal para administrá-la. É por isso que, na falta de outra opção, o Fed considerou que teria de fazer isso.
Fonte: Valor Econômico - 14/09/2012

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