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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Militares prometem aceitar resultado eleitoral

Em meio a um clima de incerteza sobre a eleição presidencial de 7 de outubro e de apreensão sobre se os dois lados aceitarão uma derrota, as Forças Armadas da Venezuela saíram a público para dizer que respeitarão e farão respeitar o resultado das urnas, seja ele qual for.
Anteontem, após reunião com o comando de campanha do presidente Hugo Chávez, candidato à reeleição, e de seu adversário, Henrique Capriles, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Wilmer Barrientos, disse que a votação "deve ser uma festa democrática, e não um processo carregado de angústias, como tem ocorrido geralmente na Venezuela".
"As Forças Armadas atuarão com contundência ante qualquer foco de violência, venha de onde vier", disse. "Nós solicitamos a todos os atores políticos que, assim como as Forças Armadas vão respeitar a vontade do povo, eles também o façam, que respeitem a vontade do árbitro [o povo] e que nenhum se adiante a dar resultados."
A dez dias da eleição, os venezuelanos não sabem exatamente quem lidera a corrida presidencial. Chávez lidera na maioria das pesquisas, que porém apontam o crescimento de Capriles nas últimas semanas. Mas os resultados são muito distintos entre si, variando de 25 pontos a favor do presidente a 5 pontos a favor do rival.
Há ainda apreensão entre os venezuelanos com a possibilidade de haver instabilidade política caso Chávez, há 14 anos no poder, seja derrotado nas urnas. Um dos principais focos dessa apreensão é justamente a reação das Forças Armadas, cujo alto comando foi todo nomeado pelo atual presidente.
Tanto chavistas como opositores admitem o risco de instabilidade, sobretudo se o resultado das eleições for apertado. Governistas acusam Capriles de ainda não ter dito abertamente que aceitaria uma derrota. E apontam que, mesmo em votações em que o chavismo ganhou por margens superiores a dez pontos, houve protestos nas ruas e acusações de fraude.
Do lado da oposição e dos empresários, o discurso é de confiança nos militares. E aponta-se para declarações dadas no passado pelo presidente Hugo Chávez, de que "as Forças Armadas são chavistas", e do ministro da Defesa, Rangel Silva, para quem "as Forças Armadas não aceitariam um outro chefe que não seja chavista, ou seja, eu".
Para Héctor Briceño, professor do Centro de Estudos de Desenvolvimento da Universidade Central da Venezuela (UCV), o temor de uma rebelião das Forças Armadas ante a uma eventual derrota de Chávez se justifica pelo fato de que a Constituição de 1999 deu poderes ao presidente para decidir sobre e rever as promoções militares, sobretudo nas patentes médias e altas. "Isso abriu a possibilidade de a ascensão não corresponder necessariamente aos méritos militares e deu espaço à parcialidade política", diz. Além disso, para ele está claro que "alguns indivíduos" dentro das Forças Armadas deram a entender que não aceitariam uma derrota de Chávez.
Para Briceño, porém, "o grosso das Forças Armadas", inclusive o alto comando, deve optar pela institucionalidade, ou seja, aceitar uma eventual vitória de Capriles.
Algumas entidades da sociedade civil e da Igreja Católica planejam para a semana que vem um culto multirreligioso para pedir paz nas eleições. Entre essas organizações, está a Fedecámaras, maior grêmio empresarial do país e que participou ativamente do fracassado golpe de Estado contra Chávez em 2002 - seu presidente à época, Pedro Carmona, assumiu o governo por dois dias - e da greve petroleira que paralisou o país por quatro meses, entre o final daquele ano e o início de 2003. Seu presidente, Jorge Botti, no entanto, diz que a autocrítica já foi feita.
"Ainda que a decisão tenha sido pessoal [de Carmona], o presidente de uma entidade como a nossa não pode assumir a Presidência em um contexto como esse."
Fonte: Valor Econômico - 28/09/2012

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