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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cai o fluxo mundial de investimentos

Investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 668 bilhões no primeiro semestre, redução de 8% em comparação com o mesmo período de 2011. Unctad reduziu sua previsão para o ano.
Alexandre Rocha alexandre.rocha@anba.com.br
São Paulo – O fluxo mundial de investimentos estrangeiros diretos (IED) foi de US$ 668 bilhões no primeiro semestre, uma queda de 8% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com relatório divulgado nesta terça-feira (23) pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

"Isto ocorreu em razão do aumento das incertezas sobre a economia mundial, marcada pelo receio de um aprofundamento da crise da dívida na Europa e pela desaceleração do crescimento nos principais mercados emergentes", diz a 10ª edição do Monitor de Tendências do Investimento Global.

Em face deste resultado, a Unctad reduziu sua previsão para o fluxo de IED em 2012 para "um pouco abaixo" de US$ 1,6 trilhão A projeção anterior, feita pela entidade em julho, cravava em US$ 1,6 trilhão. Em 2011, a movimentação global de IED foi de US$ 1,5 bilhão. O recorde ocorreu em 2007, com US$ 2 trilhões.

"A lenta e acidentada recuperação da economia mundial, a fraca demanda internacional e os riscos elevados relacionados a mudanças de políticas regulatórias, continuam a reforçar a atitude de 'esperar para ver' de muitas empresas transnacionais sobre o investimento no exterior", afirma o documento.

Os números do primeiro semestre foram afetados principalmente pela redução dos investimentos nos Estados Unidos e nos países do grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). A Unctad ressaltou, porém, que o aporte de recursos internacionais nos EUA pode ser maior neste semestre.

No caso do Brasil, a entrada de IED ficou em US$ 29,7 bilhões nos primeiros seis meses de 2012, uma redução de 9% em relação ao mesmo período do ano passado. A Unctad destacou, no entanto, que os investimentos estrangeiros no País "permaneceram em patamar elevado".

Nesta terça-feira, o Banco Central do Brasil (BCB) informou que o ingresso de IED no País somou US$ 47,6 bilhões de janeiro a setembro, valor mais do que suficiente para cobrir o déficit em conta corrente, que acumulou US$ 34,1 bilhões no período. Em outubro, até o dia 19, o fluxo de IED ficou em US$ 3,8 bilhões, e, segundo o BCB, deve chegar a US$ 6 bilhões até o final do mês.

A América Latina foi a região onde o aporte de IED mais cresceu nos seis primeiros meses do ano, 8% em comparação com o primeiro semestre de 2011. Os destinos que cresceram foram Chile, Colômbia, Peru e Argentina. O Brasil, no entanto, lidera com ampla margem a atração de recursos entre os países latino-americanos.

"O IED continuou a ser atraído pela América do Sul pelos recursos naturais, crescimento econômico relativamente alto e elevados diferenciais de taxa de juros (que impulsionam o total de ganhos reinvestidos e de empréstimos intracompanhias - dois dos três componentes dos fluxos de IED)", declarou a Unctad.

Os investimentos avançaram também na África, em 5%, após três anos consecutivos de declínio. "O Norte da África liderou – e o Egito em particular -, pois o fluxo de IED para a região aumentou em três quartos com uma retomada gradual da confiança dos investidores", disse o relatório. As economias norte africanas sofreram impactos consideráveis em 2011 por causa da Primavera Árabe. No Egito, a entrada de IED somou US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre, contra uma saída de US$ 400 milhões no mesmo período do ano passado.

Houve aumento também dos investimentos em países europeus fora da União Europeia (6%). Para a UE, economias em transição (ex-bloco soviético), América do Norte e Ásia houve queda.

Na região oeste da Ásia, onde estão os países do Oriente Médio, o fluxo de investimentos permaneceu praticamente estável, sustentado por um avanço de 21% na Turquia. Nas demais nações houve recuo. "A crise econômica global e o aprofundamento da crise regional continuam a pesar na capacidade e propensão dos investidores privados em investir na região", informou o levantamento.

Com as diferenças de desempenho do fluxo de IED nas diversas regiões do globo, pela primeira vez os investimentos no grupo de países em desenvolvimento - sem incluir as economias em transição e apesar de uma queda de 5% - respondeu pela metade do total. Contribuiu para isso a queda significativa da entrada de IED nos EUA, que foi ultrapassado pela China como maior destino desses recursos no primeiro semestre.

A Unctad estima um "crescimento moderado" do fluxo mundial de IED no longo prazo, mas alerta que o risco de novos choques macroeconômicos em 2013 pode ter impacto negativo. Em julho, a previsão feita pela entidade era de uma movimentação de US$ 1,8 trilhão no próximo ano e de US$ 1,9 trilhão em 2014.

"Os investimentos impulsionam o crescimento econômico, mas a tendência atual do fluxo de investimentos para países em desenvolvimento, particularmente na Ásia, é preocupante. O desafio de direcionar o IED para setores essenciais, como infraestrutura, agricultura e economia verde, permanece assustador", afirmou o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi, na publicação. 
Fonte: Agência ANBA

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