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sábado, 20 de junho de 2015

Corrida aos bancos agrava crise na Grécia

Saques do sistema financeiro chegam a 2 bi em três dias. líderes europeus convocam reunião de emergência
Virginia Mayo


O medo crescente do calote e de uma possível saída da zona do euro se refletiu ontem no sistema bancário da Grécia. Os bancos gregos assistiram a mais um recorde em saques, que chegaram a cerca de ¬ 2 bilhões, somente nos últimos três dias. E enquanto os cofres do país se esvaziam, os credores de Atenas parecem cada vez mais cheios. Após o fracasso de mais uma reunião para negociar um acordo capaz de salvar a Grécia da bancarrota - considerada pelos credores uma "última oportunidade" -, a União Europeia (UE) convocou para segunda-feira uma reunião com os 28 líderes do bloco para discutir o impasse.

- É hora de falar urgentemente, no mais alto nível político, sobre a situação na Grécia - afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Foram apenas 90 minutos de reunião entre representantes do Eurogrupo, os principais negociadores de Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) com o ministro grego de Finanças, Yanis Varoufakis. E ao fim, sem acordo, sobraram apenas críticas e palavras duras a Atenas. As mais contundentes vieram da diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. Fontes presentes ao encontro contam que, ao chegar, ela fez questão de cumprimentar Varoufakis com uma ironia.

- A criminosa-em-chefe veio lhe dizer um olá - teria dito ela, em referência às reclamações do premier grego, Alexis Tsipras, que chamara de "criminosas" as exigências de austeridade dos credores para um entendimento.

Após o encontro, Lagarde manteve o tom áspero:

- Nós só podemos chegar a um acordo se houver diálogo. No momento, não temos diálogo. O ponto mais urgente é retomar o diálogo com os adultos da sala.

Por sua vez, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, classificou como lamentável a falta de acordo.

- O tempo está acabando, e a bola agora está no campo de Atenas. Demos um claro sinal às autoridades gregas de que depende delas enviar novas propostas nos próximos dias. O Eurogrupo está preparado para os piores cenários - afirmou Dijsselbloem.

Ele destacou com preocupação a fuga de depósitos e também mandou um recado velado:

- Estamos comprometidos para manter a Grécia no euro, mas é impossível chegar a um acordo sem estar preparados para adotar medidas duras. É preciso haver políticos que estejam prontos para dizer a verdade ao povo.

Pressionado, o ministro grego se disse triste por não ter suas propostas ouvidas e acabou fazendo um apelo ao Eurogrupo:

- Estamos perigosamente perto do estado de espírito de aceitar um acidente. Disse aos meus colegas para não se renderem a esse estado de espírito.

Segundo ele, a Grécia entregou uma proposta abrangente para resolver a crise grega. À noite, em seu blog, Varoufakis disse que o plano inclui uma ampla agenda de privatizações nos próximos dez anos; a criação de uma Receita Federal independente e de um Conselho Fiscal para supervisionar o Orçamento do Estado e um programa de curto prazo para administrar calotes em empréstimos, entre outras. O ministro também insistiu em negar todas as informações vazadas à imprensa durante o encontro.

Os credores, porém, dizem não ter recebido nada. E faltam apenas 11 dias para que a Grécia pague um vencimento de quase ¬ 1,6 bilhão ao FMI, sem qualquer acordo para que Atenas receba a última parcela, de ¬ 7,2 bilhões, do socorro concedido ao país em 2012. Ou mesmo para um entendimento visando à renegociação da dívida atual, com novo socorro e novas condições.

BANCOS FECHADOS NO DIA 22?
O país está à míngua. Ontem à noite, milhares de gregos tomaram as ruas da capital em protesto contra os credores europeus. Segundo fontes gregas, o ritmo das retiradas diárias dos bancos triplicou desde o colapso das negociações, no último fim de semana. Os 2 bilhões retirados por poupadores gregos entre segunda e quarta-feira representam cerca de 1,5% dos depósitos de ¬ 133,6 bilhões mantidos no sistema bancário até o fim de abril. Antes do colapso das conversas, banqueiros disseram que as saídas estavam entre ¬ 200 milhões e ¬ 300 milhões por dia. E fontes do BCE afirmam que já há motivos para acreditar que, totalmente sem dinheiro, talvez os bancos do país sequer consigam abrir as portas na próxima segunda-feira.

- Amanhã (hoje), sim. Na segunda-feira, eu realmente não sei - afirmou Benoît Coeuré, integrante do Conselho Executivo do BCE.

Fonte: Sinopse da Marinha/O Globo       

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