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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Acre aguarda liberação de verba para enviar 1,7 mil haitianos a SP e Sul do país

  • 22/06/2015 14h30
  • São Paulo
Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil Edição: Maria Cláudia
Haitianos
Haitianos deixarão o Acre de forma planejada Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O estado do Acre planeja transferir centenas de haitianos para a capital paulista e para cidades da Região Sul nos próximos dois meses. Um convênio de cerca R$ 2 milhões com o governo federal prevê o custeio para 43 ônibus fretados, que transportarão os haitianos.
De acordo com a prefeitura de São Paulo, 23 ônibus vão seguir para esta cidade e 20 terão como destino os estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Estima-se que 920 haitianos cheguem a São Paulo e 800 desembarquem no Sul.
Em entrevista à Agência Brasil, o secretário Nacional de Justiça e presidente do Comitê Nacional para Refugiados, Beto Vasconcelos, explicou que o deslocamento de haitianos ocorrerá de maneira programada. “Ajustamos que vai ser um fluxo alternado entre os estados e que será previamente acordado quando for deslocado algum ônibus. Isso deve ocorrer de uma maneira muito sustentável, muito programada entre todas as partes.”
Nilson Mourão
Mourão diz que haitianos estão viajando para o Sudeste e o Sul 
com recursos próprios Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O secretário de Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, confirmou que o estado emitirá esse aviso. Porém, o repasse de verba para a contratação do transporte ainda não ocorreu e, por isso, não há previsão para o início da transferência, informou o secretário. Segundo ele, diariamente, entre 30 e 50 haitianos compram suas passagens com recursos próprios e deixam a capital acriana em direção a São Paulo, ao Paraná, a Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul.
O padre Paolo Parisi, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, é referência em São Paulo na recepção a haitianos. Segundo ele, de oito a nove haitianos chegam diariamente a sua igreja vindos do Acre. “Ontem [21], chegaram 15 haitianos e sábado {20] também chegou um novo grupo. Eles continuam chegando, mas com os próprios meios. Conversei com esses imigrantes, eles pagaram do próprio bolso”, disse o padre Parisi.
Na rodoviária da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, existem três empresas de ônibus que fazem o trajeto até o Acre. A reportagem da Agência Brasil conversou com funcionários das linhas, que confirmaram que a chegada de grupos de haitianos à capital paulista é frequente. A maioria dos imigrantes chega desorientada, sem falar português ou ter sem dinheiro até para se alimentar.
De acordo com o padre Parisi, o Serviço Franciscano de Solidariedade planeja levar representantes à rodoviária para ajudar na recepção aos haitianos, orientando para qual abrigo da cidade eles devem ser encaminhados. A prefeitura de São Paulo também informou que funcionários, fluentes em francês e créole (língua falada pela maioria dos haitianos, cerca de 8,5 milhões),ficarão no terminal à disposição dos imigrantes para orientá-los.
O padre informou também que, para atender à demanda dos haitianos, serão inaugurados mais dois abrigos. Amanhã (22), será aberto um abrigo emergencial com capacidade para 50 pessoas, em imóvel da própria igreja, a dois quarteirões do Metrô Armênia. Outro abrigo, com 150 vagas vai funcionar no Pari, região central da capital.
Haitianos em I apari
Cidade peruana de Iñapari, fronteira com o Acre, foi uma das primeiras rotas de imigração de imigrantes haitianosMarcello Casal Jr/Agência Brasil
A entrada de haitianos no Brasil cresceu a partir de 2010. Segundo o religioso, desde então, 10 mil imigrantes chegaram ao país. Apenas no ano passado, foram 4,68 mil haitianos e, neste ano, a paróquia recebeu 1,4 mil. Normalmente, eles permanecem de dois a três meses nos abrigos, tempo médio para conseguir um emprego.
O padre Parisi destacou que, há 110 anos, 10% da população brasileira era composta por imigrantes. Atualmente, o percentual caiu para 1%. “Baixou muito. Muitas vezes, temos a impressão de que o volume seja enorme, por falta de informação. São números pequenos em comparação com outras realidades do mundo. Então, acho que o Brasil tem toda condição de dar uma demonstração de boa acolhida diante desses seres humanos que estão chegando”, afirmou.

Colaborou Lincoln Chaves/TVBRasil

Fonte: Agência Brasil

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