04/11/12- 13:25
A Vale está tirando do papel o projeto de uma nova empresa de
logística, chamada Valor da Logística Integrada (VLI), que vai reunir
ativos de ferrovia e portos para transporte de carga geral, excluindo os
ativos tradicionais da companhia que movimentam minério de ferro. Por
enquanto, a controlada VLI é 100% da companhia, mas a direção da
mineradora está atraindo investidores internacionais para fechar uma
parceria no negócio, apurou o Valor. Dois projetos da nova empresa somam
investimentos da ordem de R$ 8 bilhões.
Constituída com o nome de Vale Logística Integrada no ano passado, a VLI
mudou de nome recentemente. A ideia da Vale ao criar a companhia é
concentrar ativos e operações no segmento de logística de carga geral
numa única empresa controlada e dar mais foco a gestão deste negócio,
como destaca em comunicado enviado à CVM.
Inicialmente, os planos da mineradora para a VLI incluiam uma abertura
de capital (IPO, na sigla em inglês) na Bovespa. Mas isso foi alterado. A
Vale optou por abrir espaço para sócios estratégicos. O motivo do novo
desenho do projeto foi a crise global que tem derrubado os preços do
minério de ferro e as cotações das commodities metálicas. A Vale passa
por um ajuste estratégico, dentro de um cenário adverso, para reduzir
custos e a busca de parceiros para seus projetos faz parte do novo
modelo de gestão.
Na semana passada, o projeto foi apresentado à presidente Dilma pelo presidente da Vale, Murilo Ferreira
A VLI vai gerir e operar a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA); a ferrovia
Norte-Sul; o Porto de Mearim, no Maranhão, em fase de implantação; e o
TUF (antigo terminal da Ultrafértil) expandido, instalado no porto de
Santos, que anteriormente ficaria sob a guarda da Vale Fertilizantes.
O projeto do Terminal portuário de Mearim (TPM), em Bacabeira, a 60
quilômetros da capital São Luís, deve receber cargas pelas ferrovias
Norte-Sul e Estrada de Ferro Carajás (EFC). A assessoria da Secretaria
de Desenvolvimento, Indústria e Comércio do governo do Maranhão
confirmou o projeto ao Valor, avaliado em R$ 4,5 bilhões.
O terminal maranhense, em fase de licenciamento ambiental, está sendo
tocado por um consórcio formado pela Vale e pela Aurizônia
Empreendimentos, empresa com sede no Rio. A Aurizônia e a Vale já
conseguiram a outorga de construção do terminal da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), no ano passado. Depois da construção, o
consórcio que vai operar o porto de Mearim terá que solicitar à Antaq
autorização para operar o TPM. A concessão deste porto privativo é de 25
anos, prorrogados por mais 25.
O Valor procurou Antonio Assumpção, procurador da Aurizônia
Empreendimentos, no Rio, que responde pelo projeto, para falar sobre a
participação da empresa no empreendimento de Mearim, mas o executivo não
respondeu aos telefonemas.
A Aurizônia previa construir uma siderúrgica na retroárea de Mearim,
onde está sendo erguida ainda uma refinaria da Petrobras, cujo
investimento foi adiado para 2018. O local do TPM é estratégico para
negócios de carga geral.
Além do TPM, a nova companhia vai operar o Terminal da Ultrafértil
(TUF), cuja expansão deve demandar recursos de R$ 3,5 bilhões, incluindo
melhorias na FCA. A Vale, através da VLI, tem planos de se tornar a
maior operadora de logística integrada para exportação de granéis
sólidos no porto de Santos (SP). O terminal será ampliado em 300% sobre
sua capacidade atual. E será acessado por ferrovia, sem adicionar nenhum
caminhão na região, informou fonte próxima da Vale envolvida na criação
da VLI.
A ampliação do TUF está em processo de licenciamento ambiental e é
prevista para entrega em 2015, mas ainda não tem outorga da Antaq para a
construção. O terminal passou para a Vale com a compra da Ultrafértil,
em 2010. As obras de expansão do TUF incluem a construção de mais três
berços de atracação. Hoje tem apenas um.
O empreendimento vai comportar ainda a compra de material rodante para a
FCA e a construção e adaptação de terminais e pátios de apoio nas
proximidades da malha da estrada-de-ferro para integrar ferrovia e
porto, informou a assessoria do terminal. A FCA corta sete Estados sendo
os quatro do Sudeste, Bahia, Sergipe e Goiás e sempre transportou
commodities agrícolas até o porto de Santos para outros terminais.
Murilo Ferreira, presidente executivo da Vale, apresentou a VLI à
presidente Dilma, em reunião no Planalto, em 25 de outubro, após
divulgação do balanço trimestral da companhia.
Fonte: Valor Econômico
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