Editorial
7/11/2012
Brasil não perde a oportunidade de criar problemas onde deveria
construir soluções. E essa criatividade sem fim quase sempre deságua no
aumento das despesas dos cidadãos com taxas, impostos, tributos,
contribuições — ou seja, termina com o Estado aumentado o pedágio em
lugar de aumentar a eficiência.
Veja,
por exemplo, o caso da Taxa de Conexão. Você provavelmente nunca ouviu
falar nela. Mas ela existe e é uma invenção 100% brasileira. Funciona
assim: se o passageiro vai viajar, por exemplo, do Rio de Janeiro para
Recife com conexão em Salvador, ele pagará, como é normal, uma taxa de
embarque. Ela vem discriminada na passagem como em qualquer lugar do
mundo.
O problema é que o governo, nos últimos meses, além de aumentar sistematicamente o preço dessa taxa que todo mundo vê, resolveu abusar da criatividade fiscal e morder as empresas com essa tal Taxa de Conexão. E, assim, cobra da companhia aérea um extra pelo uso das instalações do aeroporto de Salvador por aquele passageiro que embarcou no Rio de Janeiro com destino a Recife. Se esse dinheiro a mais resultasse em aumento de conforto para o passageiro, em banheiros limpos e em pontualidade, até que haveria uma boa desculpa para essa invenção. Mas quem viaja no Brasil sabe que conforto em aeroporto é mais raro do que avião no horário. O resultado prático dessa ideia original foi o de mais do que anular o efeito positivo da desoneração da folha de pagamentos em um ponto percentual, que o governo concedeu às empresas de aviação alguns meses atrás. Para cada R$ 100 que as empresas deixaram de gastar com os custos trabalhistas, houve um aumento de R$ 180 com as taxas. O problema é mais sério do que parece. Nos últimos meses, o governo nada fez para reduzir os custos operacionais dos aeroportos. Todos os aviões que decolam do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, entre 6 horas da manhã e 8 horas da noite, demoram, em média, 30 minutos entre o momento que fecham as portas e o instante que são autorizados a decolar. É um tempo absurdo mesmo porque a maior parte dele é gasta na pista de táxi, com os motores ligados e numa fila que poderia ser reduzida caso a operação dos aeroportos fosse mais bem organizada. O Brasil já perdeu muito tempo estudando, mudando e tornando a estudar e alterando mais uma vez o modelo de privatização dos aeroportos. Nos últimos meses, autoridades do país percorreram o mundo atrás de um operador que topasse ser sócio minoritário da Infraero na administração dos aeroportos. Não encontrou um único maluco disposto a tal aventura. A solução é voltar ao modelo que foi utilizado para a privatização dos aeroportos de São Paulo, Campinas e Brasília e buscar logo quem queira administrar os outros aeroportos do país. Do contrário, será mais tempo jogado fora. Ou mais uma taxa cobrada do usuário.
Ricardo Galuppo é publisher do Brasil Econômico
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Por Ricardo Galuppo - Publisher do Brasil Econômico / Intelog - Inteligência em Gestão Logística
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dia da:
11 DE junho, DIA DA BATALHA NAVAL DE RIACHUELO
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
O Brasil e sua infinita criatividade para beliscar o bolso do cidadão
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