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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

É o malfeito que se pune, não a política, diz Dilma

Autor(es): Por Yvna Sousa, Sergio Leo e Bruno Peres | De Brasília

A presidente Dilma Rousseff reafirmou ontem que seu governo valoriza a liberdade de imprensa, durante a abertura da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC). "Como eu já disse várias vezes, eu estou convencida de que mesmo quando há exageros e nós sabemos que eles existem, é sempre preferível o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras", declarou, em meio ao debate no PT e em setores do governo de promover um sistema de regulamentação da imprensa.
A presidente afirmou que o Brasil possui "instrumentos sólidos de combate à corrupção" e que seu governo dá "amplo respaldo aos órgãos de controle na fiscalização, na investigação e na punição da corrupção e de todos os malfeitos".
Como exemplo de transparência e combate à corrupção no Brasil, Dilma ressaltou as leis da Ficha Limpa e de Acesso à Informação, esta última, segundo ela, "uma das mais avançadas do mundo".
Dilma Rousseff também declarou que "o combate ao malfeito não pode ser usado para atacar a credibilidade da ação política" e que é preciso um esforço do governo, de entidades privadas e do cidadão para pensar em um Estado ético com práticas adequadas. "O mundo que queremos só será construído com transparência, luta contra corrupção e debate, e também com mais política", disse.
Ao discursar durante abertura da conferência, o corregedor-geral da República, Jorge Hage, destacou a posição considerada de referência do Brasil na busca pelo transparência pública e o combate à corrupção.
Em entrevista mais tarde, Hage disse que o julgamento do mensalão "será uma enorme ajuda no combate à corrupção", mas apenas se a "mudança de paradigma" decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) for seguida por juízes de instâncias inferiores e gerar redução nos prazos dos processos.
Hage disse que o processo do mensalão (que ele só chama de Ação Penal 470) teve "um julgamento excepcional" por envolver autoridades com foro privilegiado. Outros "milhares e milhares de casos" semelhantes aguardam julgamento retardado pela complexidade do sistema judicial brasileiro, e talvez nunca sejam julgados, lamentou: "O julgamento da Ação Penal 470 não deve nos iludir exageradamente quanto à questão que continuará a ser enfrentada, que é a dificuldade no andamento dos processos judiciais".
O julgamento do mensalão teve o aspecto positivo de provar a independência do Judiciário, disse Hage, que apontou também uma "mudança de paradigma" na atuação dos ministros do STF, com decisões como a tese do domínio do fato (que permitiu condenação sem provas diretas do envolvimento do condenado), a aceitação de provas obtidas pela polícia e pelo Parlamento antes da abertura do processo e a condenação, por corrupção, de funcionários que receberam vantagens indevidas, mesmo que não tenham tomado decisões (atos de ofício) em favor de quem os favoreceu.
 Fonte: Valor Econômico - 08/11/2012

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