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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Na Maré, policiais e fiscais do TRE retiram propaganda política

Autor(es): Renato Onofre, Márcio Allemand e Vera Araújo 01/08/2012

Tribunal investiga se crime organizado autorizava a colocação de cartazes e se candidatos estão coagindo eleitores nas favelas da cidade ainda não pacificadas
Antes de o sol nascer ontem no Complexo da Maré - o maior conjunto de favelas da cidade ainda não pacificado -, a força-tarefa do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) já tinha o controle de toda a região, com um recado: não haverá área inexpugnável nestas eleições, seja em comunidades dominadas pelo tráfico ou pelas milícias. Cerca de 250 policiais civis, militares e federais, com apoio de dois blindados e um helicóptero da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), garantiram a entrada de 70 fiscais, sem nenhum tiro sequer, apenas fogos para anunciar a entrada da polícia.
Nas quatro horas que durou a megaoperação, a fiscalização, comandada por dois juízes eleitorais, recolheu placas e faixas presas irregularmente nas comunidades Nova Holanda, Parque Rubens Vaz e Parque União, onde um centro social foi fechado e o administrador do local preso. Segundo o presidente do TRE, desembargador Luiz Zveiter, há fortes indícios de que só era permitida a realização de propaganda com a autorização do crime organizado que comanda a região. Segundo ele, a Maré foi escolhida porque os serviços de inteligência das polícias, que integram o Centro de Controle e Comando das Eleições 2012, informavam que candidatos estariam coagindo eleitores na região.
- Vamos identificar quem são esses candidatos e cruzar com as informações obtidas durante esse processo de fiscalização. Caso seja identificado algum tipo de abuso de poder político e econômico, vamos autuar - afirmou Zveiter.
A fiscalização apreendeu propaganda eleitoral irregular de quatro candidatos a vereador e de um candidato a prefeito. A maior quantidade de placas apreendidas foi de Pedro Edson (PT) e do vereador candidato à reeleição Paulo Messina (PV). Também foram encontrados materiais da vereadora Teresa Bergher (PSDB) e do candidato Del (PMDB). O único candidato a prefeito com material apreendido no local foi Eduardo Paes (PMDB).
Segundo o TRE, o fato de haver cartazes de Pedro Edson no centro social leva a crer que o local pertencia ao candidato. Lá também funcionava uma academia de ginástica para os moradores. No centro foram apreendidos ainda fichas de cadastro dos moradores. O homem identificado como Francisco Valdetário Braz foi preso e levado à sede da Polícia Federal. Ainda durante a incursão na comunidade Parque União, policiais do 22º BPM (Maré) encontraram uma granada abandonada na garagem da Viação Real. O artefato foi enviado ao batalhão.
A assessoria de imprensa do vereador Paulo Messina esteve no 22º BPM assim que as primeiras placas dos candidatos foram apreendidas pelos fiscais. Em nota, o vereador informou que o material foi colocado com a permissão dos moradores ou até a pedido deles, e sempre com autorização por escrito, de acordo com as normas do TRE. Os assessores ressaltaram que nenhuma das placas estava fixada em qualquer espaço público, apenas em fachadas particulares. O vereador informou que irá consultar o tribunal para entender o motivo da apreensão para poder se adequar à norma eleitoral.
Para entrar na comunidade, Messina, que tem uma firma de informática, doou computadores para um curso oferecido na associação de moradores, comandada por Deraldo Batista dos Santos. Aliás, para retribuir o cobiçado apoio do líder comunitário, o vereador nomeou o irmão dele, Edinaldo Batista dos Santos, para seu gabinete, com o cargo I-CDAS-6, R$ 1.500,00, em agosto de 2010. Em 11 de junho de 2010, Edinaldo recebeu uma moção de Messina pelos serviços prestados na Maré.
Os fiscais aproveitaram a visita para orientar e distribuir materiais informativos produzidos pelo Ministério Público Federal e pelo TRE explicando as proibições durante o período eleitoral. Após a operação, os integrantes do Centro de Controle e Comando se reuniram para fazer um balanço e acertar a próxima ação em conjunto. Na reunião, a Agência Brasileira de Informações (Abin) e o Comando Militar do Leste (CML) não apareceram.
- Na nossa avaliação, a operação foi positiva. Os setores de inteligência já estão recebendo dados para a próxima ação, mas ainda dependemos da ajuda da população - disse o presidente do TRE.
O procurador eleitoral Maurício Ribeiro afirmou que, se for comprovado que houve abuso de poder por parte dos candidatos da Maré, eles podem ter o registro cassado.
Fonte: O Globo

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