29/10/2012 - 12h29
Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse hoje (29)
que acha desnecessária a decisão do Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro (MP-RJ) de pedir na Justiça a suspensão do licenciamento e a
proibição da implantação de um novo autódromo para as Olimpíadas de
2016, em Deodoro, zona oeste da cidade.
“Tenho tentado manter um diálogo permanente com o Ministério
Público. Vamos dar as explicações necessárias, mas acho que não há
necessidade de uma ação judicial”, disse. “Acho que diálogo é
fundamental”, acrescentou Paes.
Na ação, ajuizada na sexta-feira (26), o MP-RJ questiona a decisão
do estado e do Instituto Nacional do Ambiente (Inea) em dispensar Estudo
de Impacto Ambiental (EIA) para a autorização de implantação do novo
autódromo no local escolhido, em Deodoro. No documento, o MP-RJ pede
para que sejam corrigidas falhas no processo de licenciamento ambiental,
a suspensão do licenciamento ambiental e a proibição da implantação do
autódromo até que seja elaborado e apresentado Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), que prevê e avalia todos os impactos com profundidade.
O prefeito contestou a decisão. “É óbvio que é possível fazer um
autódromo ali, respeitando à natureza, existem vários autódromos
belíssimos no mundo no meio de florestas. Então, acho que o importante é
o diálogo, em vez de entrar com ação e complicar as coisas.”
Eduardo Paes lamentou que a cidade tenha de ficar cerca de um ano e
meio sem possibilidades de corrida no Rio de Janeiro, mas garantiu que a
prefeitura dará todo o apoio à Confederação Brasileira de Automobilismo
(CBA) durante esse período. O autódromo antigo, em Jacarepaguá, foi
desativado para a construção do parque olímpico.
“Até o fim do mês faremos um evento com a presença do ministro [do
Esporte] em Deodoro, para garantir que o autódromo será feito em
Deodoro. O pessoal do automobilismo do Rio de Janeiro precisa de um
autódromo de qualidade”, ressaltou.
De acordo com os promotores do MP-RJ, não foram oferecidas
alternativas de localização para o projeto ou oportunidades legalmente
impostas de publicidade das informações e de participação pública, por
comentários e audiência pública.
O licenciamento do Novo Autódromo teve por base estudo da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), mas, segundo o MP-RJ, com conteúdo e procedimento
diversos de um Estudo de Impacto Ambiental. O Grupo de Apoio Técnico
Especializado do Ministério Público e o Instituto Jardim Botânico
apontaram falhas e omissões no estudo da Fundação Getulio Vargas que,
segundo a ação, prejudicam a legalidade do licenciamento, como:
insuficiência do diagnóstico da flora, que é rica no local em espécies
do Bioma Mata Atlântica, previsão e análise dos impactos decorrentes dos
ruídos gerados com o funcionamento do Autódromo.
A área em questão faz parte do Projeto Corredores Verdes e é
considerada Sítio de Relevante Interesse Paisagístico e Ambiental
Municipal pelo Plano Diretor.
Os promotores que ajuizaram a ação ressaltaram que o MP-RJ não é
contrário ao projeto do novo Autódromo Internacional do Rio de Janeiro,
assim como não é insensível aos compromissos assumidos pelo Brasil para a
realização dos Jogos Olímpicos de 2016. “A ação foi pautada na
consciência do papel do Ministério Público como garantidor a defesa da
ordem jurídica, assim como considerando que a celeridade do
licenciamento ambiental, conquanto desejável, deve sempre e
necessariamente primar pelo respeito ao devido processo legal”, diz o
documento.
Edição: Talita Cavalcante
Fonte: Agência Brasil
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