Alta de combustíveis é "questão de tempo"
Petrobras quer diminuir prejuízos reduzindo a
diferença entre os preços cobrados no mercado interno e as cotações
internacionais, que são mais altas. Temendo impacto na inflação,
Ministério da Fazenda segura o pleito da estatal
Rio de Janeiro — O consumidor pode ir se preparando
para gastar mais ao abastecer o carro. A presidente da Petrobras,
Maria das Graças Foster, afirmou ontem que um novo reajuste dos
combustíveis é questão de tempo, embora não deva acontecer a curto
prazo. “O aumento certamente virá, mas ainda não tem data”, disse ela a
jornalistas, depois de ser homenageada em almoço promovido pelo Grupo
de Lideranças Empresariais (Lead) em um hotel da capital fluminense.
O realinhamento dos preços internos da gasolina e do óleo diesel com os praticados no mercado internacional vem sendo reivindicado há meses pela estatal ao Ministério da Fazenda. Para executivos da empresa, a recomposição é indispensável para que a petroleira consiga cumprir integralmente o plano de investimentos de US$ 236,5 bilhões até 2016, aprovado em junho pelo Conselho de Administração da companhia.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, contudo, tem outra preocupação sobre a mesa: evitar um aumento mais acentuado da inflação, que vem sendo pressionada pela forte alta dos preços de alimentos e de serviços. Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial da carestia, subiu 0,57%, alcançando a marca de 5,25% em 12 meses, bem acima da meta de 4,5% estabelecida pelo governo.
Um reajuste dos combustíveis, nesse momento, colocaria um peso ainda maior sobre os índices. Por isso, muitos analistas apostam que ele virá no início de 2013, quando o governo espera contar com uma redução da ordem de 20% nas tarifas de energia elétrica, em consequência da renovação, em novas bases, dos contratos de concessão de geradoras e distribuidoras. Haveria, então, espaço para que o pleito da Petrobras fosse atendido.
Etanol
A estatal trabalha atualmente com prejuízo na área de abastecimento. Sem conseguir produzir o suficiente para atender ao consumo interno, vem importando gasolina a preços mais altos do que cobra no mercado nacional, e esse foi um dos motivos que levaram a empresa a registrar um prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre do ano, o primeiro resultado negativo em 13 anos.
Graça Foster, como a presidente da Petrobras prefere ser chamada, afirmou que a companhia está buscando aumentar as margens operacionais. “É preciso ser mais eficiente, fazer mais com menos. Compartilhar, ter mais eficiência, buscar sinergias. Isso faz bem à companhia e aos nossos acionistas”, disse ela. Os sócios privados, contudo, reagiram de forma negativa à declaração da executiva de que o aumento de preços não virá a curto prazo. Depois de começarem o dia em alta, as ações preferenciais da empresa inverteram a tendência e chegaram a cair 0,57%, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para, no final, fecharem em estabilidade, cotadas a R$ 22,80.
Outra forma de amenizar os problemas de caixa da estatal seria o aumento da mistura de etanol na gasolina, o que reduziria a necessidade de importação do combustível fóssil. Graça Foster ressaltou que a medida seria importante, mas depende de uma oferta satisfatória do biocombustível, o que está longe de acontecer, por causa da perda de competividade dos produtores. Especialistas trabalham com a possibilidade de uma produção maior de etanol no ano que vem, quando a mistura poderia subir dos atuais 20% para 25%.
Investimentos
A defasagem dos preços internos e externos dos derivados de petróleo já levou a Petrobras a alertar o governo para o risco de atraso na implantação de projetos importantes da companhia. De acordo com fontes do setor, a presidente da estatal já teria apresentado ao ministro Guido Mantega, que também comanda o Conselho de Administração da petroleira, uma lista de obras que poderão ser adiadas ou canceladas por falta de recursos.
Segundo as mesmas fontes, o bilionário plano de investimento anunciado em junho contava com um reajuste de pelo menos 15% para os derivados. Desde então, o governo autorizou dois aumentos, mas abaixo do pretendido. No fim de junho, o preço da gasolina nas refinarias subiu 7,83%. O diesel teve alta de 3,94% no mesmo dia e ainda passou por uma correção de 6% em meados de julho. Para evitar impacto para o consumidor, o governo reduziu a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) cobrada desses produtos. Como o tributo foi zerado, um novo aumento, agora, teria efeito direto no IPCA.
Graça Foster disse ainda que a empresa está buscando a experiência de parceiros da China e da Coreia do Sul para os projetos de novas refinarias. A Petrobras planeja construir unidades no Maranhão e no Ceará até 2018, o que ajudaria a diminuir sua dependência de importação de derivados, apesar de as novas plantas estarem projetadas para a produção apenas de diesel e não de gasolina.
A estatal já constrói outras duas refinarias, uma no Rio de Janeiro e outra em Pernambuco, esta última aguardando um acordo para a entrada da venezuelana PDVSA como sócia. No fim de setembro, executivos da estatal se reuniram com o grupo GS Caltex, da Coreia do Sul, para discutir a possibilidade de parceria na construção da refinaria Premium II, no Ceará.
O realinhamento dos preços internos da gasolina e do óleo diesel com os praticados no mercado internacional vem sendo reivindicado há meses pela estatal ao Ministério da Fazenda. Para executivos da empresa, a recomposição é indispensável para que a petroleira consiga cumprir integralmente o plano de investimentos de US$ 236,5 bilhões até 2016, aprovado em junho pelo Conselho de Administração da companhia.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, contudo, tem outra preocupação sobre a mesa: evitar um aumento mais acentuado da inflação, que vem sendo pressionada pela forte alta dos preços de alimentos e de serviços. Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial da carestia, subiu 0,57%, alcançando a marca de 5,25% em 12 meses, bem acima da meta de 4,5% estabelecida pelo governo.
Um reajuste dos combustíveis, nesse momento, colocaria um peso ainda maior sobre os índices. Por isso, muitos analistas apostam que ele virá no início de 2013, quando o governo espera contar com uma redução da ordem de 20% nas tarifas de energia elétrica, em consequência da renovação, em novas bases, dos contratos de concessão de geradoras e distribuidoras. Haveria, então, espaço para que o pleito da Petrobras fosse atendido.
Etanol
A estatal trabalha atualmente com prejuízo na área de abastecimento. Sem conseguir produzir o suficiente para atender ao consumo interno, vem importando gasolina a preços mais altos do que cobra no mercado nacional, e esse foi um dos motivos que levaram a empresa a registrar um prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre do ano, o primeiro resultado negativo em 13 anos.
Graça Foster, como a presidente da Petrobras prefere ser chamada, afirmou que a companhia está buscando aumentar as margens operacionais. “É preciso ser mais eficiente, fazer mais com menos. Compartilhar, ter mais eficiência, buscar sinergias. Isso faz bem à companhia e aos nossos acionistas”, disse ela. Os sócios privados, contudo, reagiram de forma negativa à declaração da executiva de que o aumento de preços não virá a curto prazo. Depois de começarem o dia em alta, as ações preferenciais da empresa inverteram a tendência e chegaram a cair 0,57%, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para, no final, fecharem em estabilidade, cotadas a R$ 22,80.
Outra forma de amenizar os problemas de caixa da estatal seria o aumento da mistura de etanol na gasolina, o que reduziria a necessidade de importação do combustível fóssil. Graça Foster ressaltou que a medida seria importante, mas depende de uma oferta satisfatória do biocombustível, o que está longe de acontecer, por causa da perda de competividade dos produtores. Especialistas trabalham com a possibilidade de uma produção maior de etanol no ano que vem, quando a mistura poderia subir dos atuais 20% para 25%.
Investimentos
A defasagem dos preços internos e externos dos derivados de petróleo já levou a Petrobras a alertar o governo para o risco de atraso na implantação de projetos importantes da companhia. De acordo com fontes do setor, a presidente da estatal já teria apresentado ao ministro Guido Mantega, que também comanda o Conselho de Administração da petroleira, uma lista de obras que poderão ser adiadas ou canceladas por falta de recursos.
Segundo as mesmas fontes, o bilionário plano de investimento anunciado em junho contava com um reajuste de pelo menos 15% para os derivados. Desde então, o governo autorizou dois aumentos, mas abaixo do pretendido. No fim de junho, o preço da gasolina nas refinarias subiu 7,83%. O diesel teve alta de 3,94% no mesmo dia e ainda passou por uma correção de 6% em meados de julho. Para evitar impacto para o consumidor, o governo reduziu a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) cobrada desses produtos. Como o tributo foi zerado, um novo aumento, agora, teria efeito direto no IPCA.
Graça Foster disse ainda que a empresa está buscando a experiência de parceiros da China e da Coreia do Sul para os projetos de novas refinarias. A Petrobras planeja construir unidades no Maranhão e no Ceará até 2018, o que ajudaria a diminuir sua dependência de importação de derivados, apesar de as novas plantas estarem projetadas para a produção apenas de diesel e não de gasolina.
A estatal já constrói outras duas refinarias, uma no Rio de Janeiro e outra em Pernambuco, esta última aguardando um acordo para a entrada da venezuelana PDVSA como sócia. No fim de setembro, executivos da estatal se reuniram com o grupo GS Caltex, da Coreia do Sul, para discutir a possibilidade de parceria na construção da refinaria Premium II, no Ceará.
Fonte:
Correio Braziliense - 17/10/2012
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