Autor(es):
Por Rodrigo Polito | Do Rio
Besset,
diretor-geral no Brasil: "Temos experiência sobre a margem equatorial,
devido a nossa presença na África"
Animada com o
anúncio do governo sobre a intenção de fazer a 11ª Rodada de Licitações de
blocos exploratórios de petróleo e gás natural em 2013, a Total planeja
participar do leilão para expandir suas atividades no Brasil, que ainda
responde por parcela pequena do faturamento global de US$ 257 bilhões/ano da
companhia. O objetivo da petroleira francesa é disputar os blocos em parceria
com outras empresas do setor para dividir o risco do negócio.
"Temos
muito interesse em participar, porque o Brasil é um país estratégico e porque
temos muita experiência sobre margem equatorial, devido a nossa presença no
oeste da África" contou ao Valor o diretor-geral da área de exploração e
produção da Total no Brasil, Denis Besset.
A companhia
participou de uma descoberta de petróleo significativa na Guiana Francesa no
ano passado, que comprovou que a característica geológica da margem equatorial
também é positiva na América do Sul. A 11ª Rodada de Licitações da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ofertará justamente
blocos na área da margem equatorial.
A petroleira
aproveitou o intervalo de cinco anos entre a última rodada, em 2008, e a
próxima, para realizar estudos sobre a região que será ofertada ao mercado.
"Nos últimos dois anos fizemos muitos estudos para nos preparar para a
rodada. Queremos ter sucesso", disse o principal executivo da Total no
Brasil.
A 11ª rodada, no
entanto, não é a única aposta da Total no Brasil. Em junho deste ano, a
companhia se tornou operadora do bloco exploratório BC-2, na Bacia de Campos.
No local encontra-se a maior parte do campo de Xerelete, localizado a 250
quilômetros da costa do Rio de Janeiro, e cuja comercialidade foi declarada em
2007. O campo está em fase de desenvolvimento da produção. A francesa e a
Petrobras têm, cada uma, 41,2% da concessão. A outra sócia é a BP, com 16,6%.
A Total está
preparando uma nova perfuração na área, prevista para começar no ano que vem. A
empresa, porém, ainda não tem um plano de investimentos definido para o bloco,
nem para o Brasil como um todo, nos próximos anos. "O que sabemos é que
vamos perfurar vários poços durante o ano que vem. E cada poço custa milhões de
dólares. Vamos gastar o que tivermos que gastar para encontrar petróleo e
poder, dentro de alguns anos produzir aqui", contou o executivo.
A Total também
está na expectativa da declaração de comercialidade da descoberta feita no
prospecto Gato do Mato, no bloco BM-S-54, em águas profundas, na Bacia de
Santos. O bloco é operado pela anglo-holandesa Shell, com 80% de participação.
A francesa detém os 20% restantes.
Perguntado sobre
um possível interesse nos ativos de exploração e produção que a Petrobras pôs à
venda no Golfo do México, Besset explicou que a companhia avalia todas as
propostas colocadas no mercado. "Mas dizer que estamos interessados em
comprar é outra coisa", afirmou.
Com produção
mundial de 2,3 milhões de barris de óleo equivalente (BOE)/dia, a Total quer
crescer no Brasil a partir de ativos na margem equatorial e no pré-sal. As duas
áreas serão contempladas nos leilões de maio e novembro de 2013,
respectivamente.
Besset revelou
preocupação em relação ao modelo de partilha para exploração e produção de
petróleo, sob o qual será realizada a licitação de blocos na camada pré-sal.
"Não estou seguro de que será um modelo fácil para as empresas e para a
Petrobras também. É um modelo particular, único no mundo", afirmou.
Outro motivo de
atenção para a empresa são as regras de conteúdo local. Segundo Besset, o
governo brasileiro terá que aperfeiçoar as regras para impedir que exigências
excessivas afetem o crescimento da produção de petróleo no Brasil. Ele destaca
que as companhias internacionais são "duplamente punidas", pois ainda
precisam disputar com a Petrobras, que, devido ao seu porte, é o cliente
preferencial dos fornecedores da indústria.
Fonte: Valor
Econômico - 20/09/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente