Autor(es): » RENATA MARIZ
A curiosidade em torno de discos voadores e de seres extraterrestres
como o ET de Varginha leva muita gente a solicitar dados oficiais
sobre o assunto. ONGs acreditam que governo oculta documentos
As instituições militares, consideradas parte dos setores mais
fechados do governo, vêm sendo bombardeadas de pedidos desde que a Lei
de Acesso à Informação entrou em vigor, em maio. Vinte por cento das
demandas recebidas pela Aeronáutica até agora, entretanto, são
solicitações sobre objetos voadores não identificados, os óvnis. São 59
pedidos dessa natureza, em um universo de 293, firmando-se em segundo
lugar no ranking dos temas mais questionados naquele órgão, perdendo
apenas para dados pessoais requisitados. O Exército, embora indagado
com menos intensidade, apenas 14 dos 410 pedidos perguntam sobre seres
de outros planetas, tem sido pressionado a revelar supostos relatórios
sobre o caso Varginha.
Os dados mostram o quanto o tema da existência de vida em outros
planetas faz parte do imaginário popular. Entre as perguntas
encaminhadas pelo Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao
Cidadão, desenvolvido por causa da lei, há referências a diversos
episódios. "Gostaria de receber relatórios e foto sobre caso de
avistamento de óvni, ocorrido em 30 de janeiro de 1985, entre 22h e 6h,
a bordo de um avião da FAB, em Minas Gerais. Um caça foi enviado para
perseguir o óvni.", diz um dos pedidos. Outro exemplo, endereçado ao
Exército, pede "cópia dos relatórios de casos de avistamentos de óvni
na cidade de Lins/SP em 1968". A Aeronáutica é mais requisitada por
abrigar o órgão responsável pelo recebimento e catalogação de
documentos com relatos de óvnis por usuários do sistema de controle de
tráfego aéreo: o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra).
A proporção elevada de pedidos de informações sobre o assunto,
segundo Ademar José Gevaerd, presidente do Centro Brasileiro de
Pesquisas de Discos Voadores, entidade civil sem fins lucrativos, vem
de dois movimentos. "São os estudiosos e também os curiosos. Nós, que
lidamos com o assunto, fazemos uma mobilização para mais e mais pessoas
solicitarem os dados, no sentido de que o governo brasileiro abra os
arquivos", afirma Gevaerd. Para ele, há muito material além das "cerca
de 4.500 páginas já divulgadas, das quais 2 mil são lixo, não trazem
qualquer informação relevante". Ele classifica o caso Varginha como o
"segredo mais bem guardado do Brasil" pelo Exército.
O órgão informou que o episódio foi, por parte do Exército,
"devidamente esclarecido à época pelo Comando da Escola de Sargentos
das Armas, situada em Três Corações (MG), com a abertura de um
Inquérito Policial Militar (IPM), que após sua conclusão foi
encaminhado à 4ª Circunscrição Judiciária Militar". Já a Aeronáutica
explicou, também em nota, que "após a devida catalogação no Comdabra,
tais registros devem ser enviados ao Centro de Documentação e Histórico
da Aeronáutica (Cendoc) que, por sua vez, encaminha os originais ao
acervo do Arquivo Nacional, oferecendo à sociedade pleno acesso a esta
documentação." O órgão ressalta que se restringe a registrar
ocorrências, mas não a estudá-las.
Mistério em Varginha
Em janeiro de 1996, uma sequência de notícias levaram o país a supor
que, finalmente, ETs haviam feito contato com humanos. Uma
movimentação estranha no céu foi relatada e, dias depois, três garotas
disseram ter encontrado uma criatura estranha. Outras testemunhas
surgiram. E o caso correu o mundo. Militares do Exército e do Corpo de
Bombeiros teriam chegado a capturar um ser de outro planeta e o levado
para fazer exames em um hospital. Houve uma auditoria militar e o
governo negou que tenha havido qualquer movimentação nesse sentido. Um
conjunto de boatos levou à versão da história. A explicação é rebatida
por ufólogos, que lotaram Varginha na época para estudos. Outro caso
considerado emblemático no país é conhecido como noite oficial dos UFOs
no Brasil, ocorrido supostamente em 19 de maio de 1986, quando 21
objetos não identificados teriam sobrevoado o Rio de Janeiro, São Paulo
e Minas Gerais.
Fonte: Correio Braziliense - 23/09/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente