Mesmo fazendo duas intervenções no mercado de câmbio, em operações que alcançaram US$ 2,15 bilhões, o Banco Central (BC) não conseguiu evitar que o dólar tivesse ontem o segundo dia consecutivo de queda frente ao real. Acompanhando a tendência predominante no exterior, a divisa recuou 0,39% e fechou o pregão cotada a R$ 2,01 na venda, o menor patamar desde 2 de julho. O dólar está sofrendo forte pressão de baixa em todo o mundo por causa da decisão tomada na quinta-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), de injetar US$ 40 bilhões por mês na economia para estimular o nível de atividade e melhorar os indicadores de emprego no país.
Durante evento em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, enquanto outros países mantiverem políticas de depreciação de suas moedas, o governo continuará agindo no mercado para garantir uma taxa de câmbio que dê condições de competitividade para a indústria brasileira na concorrência com produtores estrangeiros. "Vamos tomar medidas até os demais países adotarem um regime cambial flexível", afirmou.
Mantega citou como exemplo nações asiáticas que mantém controle artificial da moeda para tornar seus produtos mais competitivos no mercado internacional, sem citar diretamente a China, que há bastante tempo é alvo de críticas, sobretudo dos Estados Unidos, por conter a valorização do yuan. O governo teme ainda que a decisão do Fed de irrigar o mercado gere um "tsunami" monetário — expressão utilizada pela presidente Dilma Rousseff — capaz de provocar uma forte valorização do real que teria consequências negativas para a economia brasileira.
Também presente ao evento, o norte-americano Paul Krugman, prêmio Nobel de economia, avaliou, no entanto, que a ação do Fed não têm relação com a valorização do real. Para ele, a moeda brasileira sofre impacto maior dos países asiáticos.
Meta
Embora não admita que trabalhe com uma meta para a taxa de câmbio, a equipe econômica tem se empenhado em manter o dólar pouco acima de R$ 2. Para isso, tomou várias medidas nos últimos meses, como compras de dólares no mercado à vista e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos ingressos de capital externo.
Embora não admita que trabalhe com uma meta para a taxa de câmbio, a equipe econômica tem se empenhado em manter o dólar pouco acima de R$ 2. Para isso, tomou várias medidas nos últimos meses, como compras de dólares no mercado à vista e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos ingressos de capital externo.
Na quarta-feira, o BC fez uma operação de swap cambial reverso — transação que, na prática, equivale a uma compra de dólares no mercado futuro — no valor de US$ 1,4 bilhão. Ontem, voltou a fazer dos negócios desse tipo, num total de US$ 2,15 bilhões. Para muitos operadores, embora não tenha evitado a queda, o BC pelo menos impediu que o dólar "derretesse", rompendo a barreira dos R$ 2.
"É natural que a divisa continue a cair com a melhora no exterior e o mercado não contrarie essa tendência. O BC fez o primeiro leilão e o dólar não cedeu. Então ele fez o segundo, só que a demanda foi pequena", disse o operador de câmbio da Renascença Corretora José Carlos Amado.
Fonte: Correio Braziliense - 15/09/2012
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