Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O passado de um candidato é a única matéria-prima que o
eleitor tem para saber quais são as chances de que ele realmente cumpra,
depois de eleito, as promessas feitas durante a campanha, diz o
cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto.
Ele recomenda que o eleitor procure saber se o candidato tem experiência
administrativa ou se é suspeito de envolvimento em esquemas de
corrupção.
28/09/2012 - 16h28
“Os candidatos falam de projetos para o futuro, que não sabemos se poderão ser de fato cumpridos. O eleitor deve, então, buscar elementos para verificar, no passado deles, a probabilidade de que as promessas realmente se concretizem”, recomenda Barreto.
“Os candidatos falam de projetos para o futuro, que não sabemos se poderão ser de fato cumpridos. O eleitor deve, então, buscar elementos para verificar, no passado deles, a probabilidade de que as promessas realmente se concretizem”, recomenda Barreto.
Os meios para obtenção dessas informações podem ser matérias
veiculadas pela imprensa, a própria biografia disponibilizada pelos
candidatos e a internet. “Vale a pena gastar um tempo para garimpar
informações que ajudem a traçar um diagnóstico mais preciso.”
Barreto destaca que simpatia e carisma são atributos que não devem
ser deixados de lado na hora da escolha, mas não podem, “de forma
alguma”, se sustentar sozinhos. “Os grandes líderes devem ter carisma e
capacidade de comunicação, mas também lastro político, um passado de
contribuições relevantes. Na medida em que a democracia brasileira
amadurece, não cabem mais pessoas que tenham apenas carisma.”
Conhecer a ideologia e a estrutura do partido do candidato também
pode ajudar o eleitor a identificar aquele que corresponde a suas
exigências. Para Barreto, embora as legendas brasileiras não tenham
muita rigidez ideológica, elas podem oferecer informações importantes
para a decisão. “Se o candidato [à prefeitura] pertence a um partido
muito pequeno, pode ser que ele não tenha amparo na Câmara de
Vereadores, pode faltar sustentação política. Também é importante
observar o partido para saber quem são as pessoas que assumirão os
cargos de secretários. Elas provavelmente vão sair do mesmo partido”,
ressaltou.
No pleito deste ano, o eleitor precisa ainda analisar o alinhamento
do candidato a prefeito aos governos estadual e federal. “É preciso
perceber se o que se deseja é um prefeito que esteja na mesma linha dos
demais governos ou se a preferência é por alguém que seja de oposição”,
acrescentou Barreto.
Na opinião da diretora do Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral, organização da sociedade civil que reúne 51 entidades de
diversos segmentos, Jovita Rosa, o eleitorado deve ficar atento, ainda,
ao enquadramento das promessas à área de atuação específica do cargo
pleiteado. Ela citou o exemplo de candidatos a vereador que prometem
construir hospitais, reformar escolas e dar aumento aos professores.
“Não é papel do Legislativo. Ele [vereador] até pode apresentar um
projeto de lei que trate da questão, mas não pode prometer fazer coisas
que cabem ao prefeito. É importante saber a função de cada cargo.
Legislativo é para fazer leis e, principalmente, fiscalizar o
Executivo”, alertou. “Às vezes, essas falsas promessas indicam má-fé,
mas existem casos de despreparo do candidato, que também desconhece as
atribuições do cargo ao qual está concorrendo.”
Jovita Rosa se disse otimista com os resultados da eleição deste
ano, primeiro de vigência da Lei da Ficha Limpa, e destacou que o
trabalho do eleitor não pode ficar restrito aos períodos de campanha. “O
eleitor deve anotar em quem votou para não se esquecer de acompanhar a
atuação dele nos anos seguintes. O resultado da falta des acompanhamento
e da cobrança popular é a corrupção”, afirmou.
Edição: Nádia Franco
Fonte: Agência Brasil
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