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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Casos de repercussão na mídia ajudam a aumentar doação de órgãos

Publicação: 11/02/2014 21h31
Localização: Rio de Janeiro
Geral

Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro


A família do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, que teve a morte encefálica declarada ontem (10), após ser atingido por um rojão enquanto cobria a manifestação contra o aumento das passagens de ônibus na quinta-feira (6), autorizou a doação dos órgão. A captação foi feita hoje (11). De acordo com o Programa Estadual de Transplantes (PET), o fígado e os rins de Santiago já foram transplantados e as duas córneas levadas para o banco de olhos.

A vice-presidente da ONG Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote) no Rio de Janeiro, Amanda Costa, afirma que quando um caso de morte encefálica e doação de órgãos tem repercussão na mídia, ocorre um aumento de autorizações por parte da família dos possíveis doadores. Ela lembra que, no Brasil, mesmo que a pessoa deixe por escrito o desejo de doar os órgãos, a ação só é concretizada após autorização familiar.

“Para falar de doação, precisa falar de morte, e as pessoas têm um pouco de dificuldade para falar disso. Então, todas as vezes que acontecem casos desses, como o caso da Eloá [em 2008, em Santo André], da escola de Realengo [em 2011, no Rio de Janeiro], toda vez que você tem alguém que evolui para um quadro de morte encefálica e há a possibilidade de doação de órgãos e isso entra na mídia, faz com que a população converse um pouco mais a respeito disso nas suas casas, com os seus familiares, e facilita na hora da doação de órgãos, caso essa possibilidade aconteça com você”.

Amanda destaca que no Brasil, de forma geral, as taxas de doação de órgãos são baixas, e as condições que possibilitam a doação são muito específicas. “Geralmente são vítimas de acidente, trauma ou acidente vascular cerebral, o que torna ainda mais difícil. Não são pessoas que estão doente a muito tempo, e que a família já espera que evolua para um quadro de morte, mas é alguém que saiu de casa bem, sofre um acidente e daqui a pouco chega a notícia para a família, que ela evoluiu para um quadro de morte encefálica e há a possibilidade de doação. Então a família já está em um contexto de perda, onde ainda está sendo solicitada em um momento difícil, a doação. Então, isso torna um pouco mais difícil a avaliação da família”.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a negativa familiar ainda é o principal empecilho para a doação de órgãos, chegando a quase 50% no estado. Os principais motivos são a falta de consenso entre os parentes e a falta de compreensão de que a morte encefálica é irreversível. Os dados da SES mostram que o estado tem mais de 1.900 pessoas à espera de um transplante e este ano foram feitas 27 captações até o dia 10 de fevereiro.

Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) apontam que o percentual de doadores efetivos entre os potenciais doadores no Rio de Janeiro passou de 18,7% do total em 2003 para 50% no ano passado, com dados contabilizados até setembro. Em 2003 foram 119 doadores, entre 637 pacientes com morte encefálica. Em 2013, até setembro, o número de doadores potenciais aumentou para 637, mas das 323 entrevistas realizadas com parentes, 160 doações foram autorizadas e 163 recusadas.

Segundo a SES, o Programa Estadual de Transplantes foi criado em 2010, e em dois anos conseguiu tirar o Rio de Janeiro da última posição no país em captação de órgãos, passando-o para o segundo lugar. Em 2013 foram 225 doadores e 1.434 transplantes no estado, entre cirurgias de coração, fígado e rim – órgãos que podem vir de doadores vivos ou mortos - mais medula óssea, córnea e osso.


Fonte: Agência Brasil

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