22/10/2013 - 10h27
Da Agência Lusa
Paris – O serviço secreto dos Estados Unidos não só interceptou
milhões de dados e registros telefônicos de cidadãos franceses como
também espionou as representações diplomáticas da França em Washington e
Nova York, noticiou hoje (22) o jornal Le Monde.
O diário francês citou documentos da Agência Nacional de Segurança
(NSA) norte-americana, revelados pelo ex-consultor Edward Snowden, que
detalham os métodos e os dispositivos eletrônicos usados para vigiar as
embaixadas.
Um dos documentos, do dia 10 de setembro de 2010 e classificado como
secreto pela NSA, revela a existência de um programa denominado Genie,
relativo à instalação de escutas em computadores. A nota, dirigida aos
operadores da NSA, menciona a vigilância à embaixada da França em
Washington, identificada com o código Wabash, e à representação francesa
nas Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, com o código Blackfoot.
O documento explicita diferentes técnicas de coleta de informação:
Highlands, para piratear computadores à distância, ou Vagrant, para
captar o conteúdo dos monitores.
Outro documento, de agosto de 2010, emitido pela direção de
informação eletrônica da NSA, se refere a informações obtidas em
embaixadas estrangeiras – em particular da França, que teve um papel
importante na votação do dia 9 de junho daquele ano, no Conselho de
Segurança da ONU, sobre uma resolução contendo novo pacote de sanções ao
Irã, por desenvolver programa nuclear.
Segundo a análise da agência, a operação foi “um êxito silencioso
que ajudou a desenhar a política externa dos Estados Unidos”. O
documento cita a então embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan
Rice, sobre o trabalho da NSA: “Isso me ajudou a conhecer (…) a verdade,
a revelar as posições sobre as sanções e nos permitiu conservar uma
vantagem nas negociações”.
O Le Monde noticiou ontem (21), também com base em
documentos da NSA, a espionagem maciça das comunicações telefônicas na
França que, em apenas 30 dias, entre o final de 2012 e o começo de 2013,
levou à interceptação de 70,3 milhões de comunicações.
A revelação destes atos de espionagem levou o governo francês a exigir explicações aos Estados Unidos e a condenar a espionagem entre países aliados.
Fonte: Agência Brasil
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