20/10/2013 - 17h02
- Cultura
Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São
Paulo – A 33ª edição do Panorama da Arte Brasileira, em exibição no
Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo até o dia 15 de dezembro,
propõe este ano um processo de reflexão sobre o próprio museu. O foco de
discussão é a sede do museu, instalada desde 1969 no Parque Ibirapuera,
na capital paulista.
A sede do MAM não foi construída com a finalidade de abrigar um
museu. Ela foi instalada sob a marquise do Ibirapuera, construída pelo
arquiteto Oscar Niemeyer, em caráter precário e provisório, mas acabou
permanecendo no local até hoje, embora seja pequena para abrigar todas
as atividades a que se propõe o museu, tais como o acervo, a área
educativa e o setor de pesquisas.
Sete escritórios e grupos de arquitetos
foram convidados para desenvolver ideias para uma nova sede da
instituição. Não que o MAM esteja procurando uma nova sede ou cogitando
reformá-la. O objetivo da curadora Lisette Lagnado e da adjunta Ana
Maria Maia é lançar um olhar para o próprio museu, sua missão e sua
história.
“Grande parte das ideias apresentadas
poderiam sim, ser postas em prática se houvesse orçamento e vontade
política. No entanto, vale lembrar que essa chamada por projetos de
arquitetura é uma espécie de ficção plantada pelo P33. O MAM não quer
sair da sede em que está hoje. E essa sede, ao contrário do que muitos
esperam, não pode ser demolida, já que foi tombada em 1992, junto com
outros edifícios do Parque Ibirapuera”, explicou a curadora adjunta.
Batizada de P33: Formas Únicas da Continuidade no Espaço, em
referência à escultura futurista de Umberto Boccioni, esta é a primeira
vez em que arquitetos participam de uma edição do Panorama da Arte
Brasileira. Para a exposição, 32 artistas e arquitetos foram convidados
para apresentar suas obras, novas ou antigas, sempre correlacionadas ao
tema proposto.
“Os projetos para a sede do MAM são
representados por maquetes, desenhos, projeções 3D, vídeos e memoriais.
São suportes comuns no universo das exposições de arquitetura, mas, como
o Panorama não é uma exposição apenas para especialistas no assunto,
foram pensados de modo a permitir a compreensão da ideia por um público
mais amplo. Além dos projetos, existem obras de artistas nos mais
variados suportes: fotografias, esculturas e pinturas”, disse Ana Maria.
O Panorama é feito no MAM desde 1969. No início, ocorria anualmente,
mas hoje é feito a cada dois anos, intercalado com a Bienal de Arte de
São Paulo. "A mostra foi criada quando o museu estava sem acervo, que
tinha sido doado para a USP [Universidade de São Paulo]. Por meio do
Panorama, o MAM recomeçou um acervo e conquistou um DNA contemporâneo,
visto que passou a lidar com a produção corrente e não mais com
exemplares das vanguardas modernas, apenas”, explicou Ana Maria.
Para abrigar essas obras, todas as
divisórias do local foram removidas, criando um espaço amplo, seguindo o
projeto de Lina Bo Bardi para o local. A porta de entrada do museu
também foi alterada durante o Panorama, com acesso feito pela frente do
pavilhão da Bienal, seguindo modelo que também foi implantado por Lina.
No lugar das divisórias foram instaladas cortinas de correntes
coloridas, feitas em alumínio e com passagens recortadas, do artista
Daniel Steegmann Mangrané.
Entre os projetos de nova concepção para o museu está um em que o
prédio do MAM deixa a marquise do Parque Ibirapuera e é transportado
para um corredor suspenso sobre o parque. Há também um que propõe a
volta da sede para o centro da cidade, seu endereço entre os anos 1949 e
1958.
“As perguntas que lançávamos aos artistas e arquitetos que
visitávamos em nosso período de pesquisa eram: O que falta ao MAM? Onde e
como deveria ser seu edifício? A escuta estava aberta e, por meio dela,
chegamos à lista de participantes da mostra. Queríamos de fato
deflagrar um processo coletivo de investigação e proposição a partir do
estudo de caso do museu”, disse Ana Maria.
A exposição começou no dia 5 de outubro, no MAM. Mas, desde ontem
(19), foi ampliada para outros pontos do centro da cidade, tais como o
Edifício Esther, na Praça da República; a Galeria Nova Barão, na Rua 7
de Abril; e a Livraria Calil, na Rua Barão de Itapetininga.
Já nos dias 26 e 30 de outubro e 13 de novembro, no auditório do
MAM, haverá encontros gratuitos e abertos ao público. No dia 26 de
outubro, a partir das 11h, o tema do debate será Formas Utópicas para o
MAM. No dia 30 de outubro, às 19h, o tema é Estudo de Caso: Inhotim e
Serpentine. Já no dia 13 de novembro, às 19h, o assunto do debate é
Arquitetura Meteorológica. A exposição também é gratuita. Mais
informações podem ser obtidas por meio do site www.mam.org.br.
Edição: Davi Oliveira
Fonte: Agência Brasil
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