19/10/2013 - 17h34
- Saúde
Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio
de Janeiro - Um grupo de mulheres a favor da humanização do parto, com o
apoio de ativistas e de profissionais de saúde, fez hoje (19) um ato
silencioso no Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no
centro da capital fluminense. A manifestação dá continuidade a uma série
de atividades que vêm ocorrendo desde o ano passado, quando foram
realizados os primeiros protestos nacionais. Este ano, as ações envolvem
34 cidades.
O Brasil
tem a mais alta taxa de cesarianas do mundo: o número de cirurgias
aumentou de 37,8% para 52,3% entre 2000 e 2010. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomenda que essa taxa seja 15%, tanto na rede pública,
quanto na privada.
"O
nosso ato é para apoiar neste local [Maternidade Maria Amélia Buarque de
Hollanda] todos os profissionais que lutam para que a mulher seja
protagonista do seu trabalho de parto e, isso faz com que as cesáreas
feitas por conveniências médicas não aconteçam", destacou a funcionária
pública Paula Inara, de 38 anos, uma das coordenadoras do Movimento pela
Humanização do Parto.
Segundo
a médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Maria do
Carmo Leal, o número de cesarianas está aumentando a cada ano, na
contramão do que acontece em países desenvolvidos, como os na Europa,
onde não ocorre a prática indiscriminada de partos cirúrgicos. "Nos
Estados Unidos, que têm um modelo de atenção um pouco parecido com o
nosso, eram 33% de cesáreas e agora estão com 31%, porque estão fazendo
um imenso esforço para diminuir essa taxa.”
Em março
de 2014, Maria do Carmo lançará a pesquisa Inquérito Nacional sobre
Parto e Nascimento, feita nos últimos três anos em todo o país. O
documento vai descrever como é a assistência ao parto; quais são as
intervenções que vêm sendo feitas sobre o parto vaginal; qual é a
aprovação de cesáreas; como a decisão pela cesárea está sendo feita no
Sistema Único de Saúde (SUS) e na rede privada. "É uma pesquisa muito
grande, que também vai contemplar os resultados sobre como o parto é
feito, sobre a mãe e o recém-nascido.”
O
Movimento pelo Parto Humanizado também se solidariza com as mães que
perderam quatro bebês de cesariana no início do ano na Maternidade Maria
Amélia e pede que as causas sejam apuradas rapidamente. O movimento
afirma ainda que não é contra as cesarianas. Apenas considera que elas
devem ser feitas quando há indicação clara e real para mãe ou para o
bebê e não de forma indiscriminada, como tem sido feita no país.
Segundo a
enfermeira obstétrica Mara Libertad, que acompanha partos normais em
casa e trabalha junto ao Movimento pela Humanização do Parto, o que a
maternidade faz é o recomendado pelo Ministério da Saúde como mais
adequado para as mulheres em trabalho de parto. "Ela tem acompanhamento
em uma sala individual, com recursos para o alívio da dor, e direito ao
acompanhante, reconhecido por lei.”
Edição: Andréa Quintiere
Fonte: Agência Brasil
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