19/10/2013 - 13h00
- Cidadania
Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília
- Entre 2005 e 2011, um terço dos indiciados por tráfico de pessoas foi
pego em região de fronteira. A pesquisa Diagnóstico sobre Tráfico de
Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil mostra que, dos 384
indiciamentos, 128 foram registrados na fronteira brasileira que abrange
15.719 quilômetros em 11 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia e
Santa Catarina.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que os números
estão longe de refletir a realidade e classificou o tráfico de pessoas
de “crime subterrâneo”, devido à dificuldade de verificar a ocorrência.
"O número de inquéritos e de vítimas são muito pequenos perto daquilo
que nós presumimos ser a realidade", disse ontem (18) o ministro, no lançamento da pesquisa.
A maioria das vítimas é formada por mulheres na faixa dos 18 a 29
anos. Além delas, fazem parte do grupo crianças e adolescentes,
travestis e transgêneros, geralmente em condição de vulnerabilidade,
seja pelas condições socioeconômicas, por conflitos familiares ou pela
violência sofrida na família de origem. Em geral, o aliciamento é feito
por alguém próximo à família.
O estudo mostra que, além dos tipos mais comuns de tráfico – para
exploração sexual e para trabalho em regime análogo à escravidão,
presentes em praticamente todos os estados fronteiriços – outras
modalidades foram registradas. Entre elas, estão meninos que recebem a
falsa promessa de aliciadores de que vão se tornar jogadores de futebol
profissionais no exterior. Esses casos nos estados do Acre, Paraná e
Pará. No Paraná, também foi relatado casos de adolescentes sul-coreanos
eram trazidos ao Brasil por aliciadores para jogar futebol e ficaram com
os passaportes retidos.
O trabalho também mostra casos de crianças adotadas em cidades do
interior para servir de trabalhadoras domésticas nos estados do
Amazonas, Pará, Rondônia, de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já os
estados de Roraima, do Pará, do Amapá, de Mato Grosso do Sul, do Rio
Grande do Sul e Paraná tiveram casos de pessoas exploradas para atuar
como mulas para o tráfico de drogas (transportar substâncias proibidas).
A pesquisa mostrou ainda o desconhecimento sobre o tráfico de
pessoas indígenas nas regiões mais remotas e que migram de um estado
para outro, de um país para outro. "Tráfico de índios que são forçados
muitas vezes a serem mulas para transportar drogas e de índios que são
levados para mão de obra escrava em plantações, na Região Sul do país",
disse Cardozo.
Para Cardozo, é preciso investir em campanhas de conscientização da
população para combater esse tipo de crime. Em maio de 2013, o
Ministério da Justiça e o Escritório das Nações Unidas para sobre Crimes
e Drogas (Unodc) lançaram a campanha “Coração azul” para inibir o
tráfico de pessoas. As denúncias podem ser feitas pelo Disque Denúncia
Nacional, ou Disque 100 e pela Central de Atendimento a Mulher, Ligue
180.
Edição: Talita Cavalcante
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente