20/10/2013 - 16h12
- Cultura
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Até o dia 27 deste mês, diferentes linguagens se
encontram em comunidades da zona sul paulistana, em uma mostra da
produção artística da periferia. Espetáculos de dança, música, teatro e
cinema fazem parte da sexta edição da Mostra Cultural da Cooperifa, que
ocorre em espaços públicos, como praças, escolas e o Centro Educacional
Unificado (CEU). A essa programação vão se unir artistas nacionais, como
o maranhense Zeca Baleiro, o paraibano Chico César e o rapper paulistano Mano Brown.
"A ideia é trazer o artista para a periferia, apresentá-lo e
apresentar a periferia para os artistas. A gente faz essa troca",
explica Sérgio Vaz, criador da Cooperifa, coletivo organizado há 12 anos
que promove saraus de poesia no bar do Zé Batidão, no Jardim Guarujá.
Segundo o organizador, o encontro que ocorre às quartas-feiras reúne, em
média, 200 pessoas. A mostra ocorre no mês de aniversário do Sarau da
Cooperifa. No ano passado, um dos encontros foi com o escritor
moçambicano Mia Couto.
Vaz explica que a mostra é uma forma de ampliar o leque de
linguagens artísticas além da poesia. "Após 12 anos de trabalho,
percebemos mudanças radicais na comunidade e isso cria um ambiente de
efervescência cultural", avalia. Ele cita como exemplos desse ambiente
favorável à produção artística a adoção da prática de leitura por parte
de jovens e a oportunidade de idosos irem ao cinema pela primeira vez.
"O Cinema na Laje, a gente faz às segundas, a cada 15 dias, sempre com
um documentário e também convidando atores, diretores para um bate-papo
sobre o filme. A pipoca é grátis", acrescenta.
Durante a mostra, as atividades semanais da Cooperifa ganham versão
especial. O Cinema na Laje do dia 21, por exemplo, terá a exibição do
filme Tão Longe É Aqui, da diretora Eliza Capai. A viagem da
documentarista pelo Continente Africano começou em janeiro de 2010 com
uma câmera e uma mochila. Durante sete meses, ela visitou Marrocos, Cabo
Verde, o Mali, a Etiópia e a África do Sul e se deparou com assuntos
diversos como a poligamia, o uso do véu, a mutilação, a aids e as
punições para o sexo antes do casamento.
O sarau do dia 23, por sua vez, deve reunir pelo menos o dobro do
público de todas as quartas-feiras, segundo estimativa da organização.
"São cerca de 500 a 800 pessoas nesse dia. Chamamos de Sarau Monstro.
Vêm as pessoas da comunidade, mas também de vários coletivos da cidade e
até do Brasil", relatou. Com microfones abertos para o público, pessoas
de todas as idades são convidadas a recitar versos próprios, de poetas
conhecidos ou cantores famosos.
A mostra foi aberta nesse sábado, no CEU Casa Blanca, na Vila das
Belezas, com a apresentação das bandas Aláfia e Poesia Samba Soul. Hoje,
a partir das 18h, se apresentam os escritores Marcelino Freire e Julio
Ludemir. Freire é autor de Contos Negreiros, ganhador do Prêmio
Jabuti de Literatura 2006 como melhor livro de contos e crônicas. O
encontro com os escritores ocorre na Fábrica de Culturas São Luís.
Na terça-feira (22), a companhia de teatro Decálogo apresenta, às 20h, a peça Ângela nos Fragmentos de Uma Chama,
na Escola Municipal Oliveira Viana, no bairro Jardim Ângela. "São
vários grupos da região. Há as atrações nacionais, mas os demais eventos
são de pessoas da comunidade mesmo, de outras comunidades, mas que são
da periferia".
A programação completa pode ser conferida na página oficial da mostra no Facebook MostraCulturalDaCooperifa.
Edição: Graça Adjuto
Fonte: Agência Brasil
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