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sábado, 23 de agosto de 2014

Marcha contra genocídio do povo negro se reúne no Masp, em São Paulo

22/08/2014 22h43
São Paulo
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
A 2ª Marcha Internacional contra o Genocídio do Povo Negro reuniu cerca de mil pessoas na capital paulista, segundo estimativa da Polícia Militar (PM). Os manifestantes se concentraram no início da noite de hoje (22), no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e seguiu em passeata pela Avenida Paulista. Motivados por um carro de som, os participantes desceram a Rua da Consolação em direção ao Theatro Municipal, no centro da cidade. O ato foi programado para ocorrer em 18 estados brasileiros e em 15 países.

Com faixas e gritos de guerra, o protesto pediu a redução da violência contra os negros e as mortes causadas pela ação policial. “A morte negra hoje, no Brasil, já atingiu números de uma guerra civil. A cada 25 minutos morre um negro neste país”, enfatizou a coordenadora nacional do Movimento Quilombo, Raça e Classe, Tamires Rizzo.

Segundo o Mapa da Violência 2014, a vitimização de negros é bem maior que a de brancos. Morreram, proporcionalmente, 146,5% mais negros do que brancos no Brasil, em 2012, em situações como homicídios, acidentes de trânsito ou suicídio. Entre 2002 e 2012, essa vitimização mais que duplicou, segundo o estudo elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com apoio da  Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Nacional de Juventude e da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Além de protestar contra a violência, o ato também pediu melhores condições de vida para os pretos e pardos brasileiros. “Na nossa opinião, os fatores que geram o genocídio são a miséria e a falta de condições de vida”, ressaltou Tamires. O acesso à educação é, segundo ela, um exemplo claro disso. “Só 18% dos negros chegam às universidades. Isso faz com que a juventude negra não tenha perspectiva de futuro”, disse, ao defender a adoção de uma política de cotas raciais pelas universidades.

Em seu projeto de mestrado, Natália Neves estuda a atuação do movimento negro no processo de elaboração da Constituição de 1988. Natália se diz impressionada com os poucos avanços feitos para reduzir a violência contra os negros no país. “A história é a mesma [da década de 1970]. Estávamos em um contexto de ditadura, passamos para uma democracia, mas as mortes não cessam, apesar de ser a principal bandeira do movimento negro desde que ele existe”, analisou.

Cantor de rap e estudante de geografia, Tiago Onidaru disse que vê de perto as consequências da violência. “A gente perde vários irmãos na comunidade. Se não é um amigo nosso, é amigo de um amigo”, contou o jovem de 27 anos, que também reclamou da representação do negro nos meios de comunicação. “É uma ausência de representação", disse ele, "e quando tem é para ridicularizar”.

Fonte: Agência Brasil

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