Briga por rroyalties atrasa aprovação do orçamento. Sem ele, governo fica impedido de dar aumento a servidores em janeiro
POR Aline Salgado
Rio -
A obsessão da maioria parlamentar em pulverizar os royalties dos
estados produtores de petróleo levou ao impasse geral no Congresso
Nacional, colocando em risco até o reajuste para 2013 de 1,774 milhão
de servidores da União. Pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), se o
orçamento não for sancionado pela presidenta Dilma Rousseff até 31 de
dezembro, o governo não poderá gastar as receitas previstas para novos
projetos, incluindo o aumento do funcionalismo.
Relator-geral do orçamento, senador Jucá (PMDB-PR) tenta saída para que o texto seja votado neste ano | Foto: ABr
Segundo a LDO, o Executivo só poderia gastar, pelos próximos 60 dias,
1/12 por mês, do montante previsto para o Orçamento 2013, além dos
fundos dos chamados ‘restos a pagar’, relativos a orçamentos anteriores,
com despesas essenciais. Entre elas, o pagamento
dos salários de funcionários públicos. Mas nada garante o pagamento dos
15,8% de reajustes acordados, divididos em três parcelas, ao longo de
três anos, a partir de 2013.
De acordo com a consultoria de orçamento da Câmara dos Deputados, os
reajustes não poderão ser concedidos enquanto o novo orçamento não for
sancionado. Em termos técnicos, a eficácia das leis de reajuste seriam
suspensas, não gerando qualquer direito para os servidores, até a sanção
da lei orçamentária de 2013.
COMPROMISSO
Para a Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público (Condesef), no entanto, os reajustes aprovados sob a forma de lei nas duas Casas, Câmara e Senado, garantem sim o compromisso com o funcionalismo.
Josemilton Costa, secretário-geral da Condesef, alega que os aumentos
estão garantidos, inclusive retroativamente, já que preveem entrarem em
vigor a partir de janeiro de 2013. “Mesmo que o orçamento não seja
aprovado até o dia 31, o governo tem como lançar mão desses 1/12 dos R$4
trilhões do orçamento para pagar o reajuste”.
TRÊS ALTERNATIVAS PARA A SOLUÇÃO
O Congresso terá do dia 26 a 31 de dezembro para aprovar o orçamento.
Ontem, após reunião com consultores legislativos do Senado, o
relator-geral do orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-PR) disse que
continua tentando uma saída para que o Congresso vote o texto ainda
neste ano. Segundo ele, há três alternativas: convocar o Congresso
durante o recesso; votar o orçamento na Comissão Representativa, que é o
grupo de parlamentares que representa a Câmara e o Senado durante o
recesso e é composta por oito senadores e 17 deputados indicados pelos
partidos; ou adiar a votação para fevereiro.
Jucá mostrou ainda preocupação quanto ao fato de o país ficar três
meses sem investimentos do governo e começar o ano sem o novo mínimo de
R$674,95, que consta do relatório aprovado pela Comissão Mista de
Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO).
Repúdio a José Sarney
A Câmara dos Vereadores do Rio aprovou ontem uma moção de repúdio
contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A ação foi
assinada por 40 dos 51 vereadores.
À frente do movimento, a vereadora Andrea Gouveia Vieira (PSDB)
explicou que a Câmara do Rio quer deixar claro o desacordo com a atitude
pouco republicana do senador, que tentou analisar três mil vetos em caráter de urgência e em um só dia.
“Foi absurda a forma como foi articulada a votação. Tudo para
prejudicar o Rio de Janeiro, de uma maneira inadmissível. Não foi
difícil conseguir as assinaturas. Até vereadores do PMDB apoiaram o
movimento”, diz a vereadora.
Novo mínimo de R$ 674,96 garantido
O adiamento da votação do Orçamento de 2013 não deve afetar o novo
salário mínimo. Segundo técnicos da Câmara, o aumento, previsto no
parecer final da proposta orçamentária — que eleva o mínimo para R$
674,96, contra os atuais R$ 622 — deve ser mantido pelo governo. Com
isso, ficam garantidos também o aumento para 1º de janeiro de 2013 dos
aposentados e pensionistas do INSS que ganham o piso previdenciário —
que é igualado ao salário mínimo. Um decreto presidencial,
regulamentando o aumento, deve sair no início do ano.
Fonte: O Dia Online
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