Autor(es): Por Luciana Bruno, Diogo Martins, Rodrigo Polito e Chico Santos | Do Rio
O dólar encontra-se um pouco mais valorizado do que deveria estar em
relação ao real, avaliou o diretor de política monetária do Banco
Central (BC), Aldo Mendes, segundo o qual, o tripé de política econômica
baseado em câmbio flutuante, meta de inflação e superávit primário
continua em vigor. Ontem, a moeda americana caiu 0,67%, encerrando o dia
cotada a R$ 2,077.
"Acho que ainda tem um pouco de gordura na nossa taxa com o modelo
que utilizamos [para calcular o patamar adequado do dólar ante o real].
Talvez tenha um pouco de gordura, talvez esteja um pouco acima do que o
nosso modelo indicaria", afirmou ele, sem citar a taxa cambial ideal
para o BC, ontem, durante o evento "Reavaliação do Risco Brasil 2012",
organizado pelo Valor no Rio.
Mendes negou que o tripé da política econômica brasileira não esteja
em vigor. Questionado pelo ex-presidente do BC Carlos Langoni, Mendes
disse que nada mudou. "Não vejo motivo para falar em fim do tripé de
política econômica. Não mudou nada. O regime de metas [de inflação]
continua como sempre esteve, a ata do Copom [Comitê de Política
Monetária] continua válida, todo o trabalho de perseguir o centro da
meta vai ser levado adiante", declarou o diretor do BC, no seminário
promovido em parceria com o Comitê de Cooperação Empresarial da
Fundação Getúlio Vargas, Standard & Poor"s, Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e Instituto Brasileiro
de Executivos de Finanças (Ibef-RJ).
O diretor do BC reiterou que a autoridade monetária nunca teve meta
para o câmbio, mas irá garantir que não falte dólar. "O mercado flutua,
o câmbio tem flutuado. É evidente que fim de ano é sempre de baixa
liquidez, e o BC vai fornecer a liquidez que o mercado precisar. Não
faltará dólar", enfatizou Mendes, citando os US$ 380 bilhões de
reservas internacionais.
Mendes também defendeu as medidas adotadas pelo governo na semana
passada para melhorar o fluxo de dólares para o país: a redução de dois
para um ano do prazo dos créditos externos sujeitos à cobrança de 6%
de IOF; e a ampliação de um para cinco anos do prazo para antecipação
de receitas de exportação. "Certamente, a medida vai facilitar o
financiamento de empresas exportadoras e não exportadoras. O objetivo
foi baratear fontes de capital de financiamento de médio e longo
prazos", disse ele.
Segundo Mendes, a taxa básica de juros (Selic) atual, de 7,25% ao
ano, será suficiente para fazer convergir a inflação à meta de forma
não linear. O centro da meta para o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) é de 4,5% ao ano, podendo variar dois pontos
percentuais para cima ou para baixo. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até novembro, o IPCA sobe
5,01% no ano.
Na avaliação do diretor do BC, a atividade econômica brasileira
deverá se intensificar neste trimestre, ao passo que o cenário externo
continuará "complexo". "O cenário internacional continua complexo e com
perspectiva de baixo crescimento. Mas o ritmo da atividade econômica
no Brasil deve se intensificar no último trimestre de 2012 e no próximo
ano."
Fonte: Valor Econômico / Portal clippingMP - 11/12/2012
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