Ministro da Defesa tenta conter a crise política, enquanto manifestantes tomam as ruas
Vigiados de perto pelo exército Egípcio, que recebeu poderes
policiais até o referendo constitucional previsto para sábado, milhares
de partidários e opositores do presidente do Egito, Mohamed Morsy,
voltaram às ruas do Cairo e de Alexandria para defender os seus ideais.
De um lado, esquerdistas, liberais e adversários de Morsy — grupo que
inclui a Frente de Salvação Nacional (FSN), liderada por Mohamed
ElBaradei, ex-diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA) — formaram uma coalizão que exigia a anulação da votação que
pode mudar as leis do país. Do outro, os islamistas, representados pela
Irmandade Muçulmana e pelo partido Al-Nur (a principal força salafista
no país) se reuniram a menos de 2km do palácio presidencial para
demonstrar apoio a Morsy.
Por volta do meio-dia de ontem (hora local), cerca de 200
manifestantes da oposição tentavam cruzar as barreiras colocadas ao
redor do palácio, mas o Exército impediu a passagem, sem que fossem
registrados incidentes. Na tentativa de acalmar os ânimos, o ministro da
Defesa e comandante das Forças Armadas, Abdel Fatah Al-Sisi, convidou
os dois grupos ao diálogo para contornar a maior crise política desde a
eleição de Morsy, informou a agência oficial do governo Mena. O
convite foi enviado aos líderes da FSN e aos dirigentes do Partido
Justiça e Liberdade (PJL), braço político da Irmandade Muçulmana. Pouco
tempo mais tarde, no entanto, 11 pessoas ficaram feridas, depois que
homens armados abriram fogo com balas de festim e arremessaram
coquetéis Molotov contra manifestantes acampados na Praça Tharir.
Empréstimo
Se o país vive uma grave crise política, o ministro das Finanças,
Mumtaz Al-Said, fez um anúncio ontem que pode estender o caos egípcio a
outro patamar: um empréstimo considerado vital de US$4,8 bilhões junto
ao Fundo Monetário Internacional (FMI) será adiado até o mês que vem. A
medida, de acordo com Said, visa ganhar tempo para explicar o pacote
de austeridade econômica à população, visto que Morsy desistiu dos seus
planos de aumentar os impostos — essenciais para a obtenção da ajuda
financeira. "É claro que o adiamento terá algum impacto econômico, mas
estamos discutindo as medidas necessárias (para lidar com isso) durante o
próximo período", declarou o ministro à agência Reuters. "Estou
otimista... tudo ficará bem, se Deus quiser", completou. "Os desafios
são econômicos e não políticos e precisam ser lidados em separado da
política", comentou o primeiro-ministro, Hisham Kandil, em referência ao
adiamento.
Os protestos começaram quando o presidente egípcio modificou a
declaração constitucional de 22 de novembro, em uma manobra para
ampliar os próprios poderes. Sob forte oposição, o mandatário foi
obrigado a revogar o decreto, mas não cedeu aos pedidos por mudanças no
texto que irá ao referendo no sábado.
O adiamento terá algum impacto econômico, mas estamos discutindo as
medidas necessárias. Estou otimista. Tudo ficará bem, se Deus quiser"
Mumtaz Al-Said,
ministro das Finanças do Egito, ao comentar o adiamento do empréstimo junto ao FMI
ministro das Finanças do Egito, ao comentar o adiamento do empréstimo junto ao FMI
Fonte: Correio Braziliense - 12/12/2012
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