A presidente Dilma Rousseff assegurou ontem que manterá os aumentos
salariais do funcionalismo que já haviam sido acertados durante as
greves realizadas ao longo deste ano. Mas não deu garantias de que vai
aumentar os dos servidores do Judiciário e do Legislativo, que tiveram
vencimentos reajustados pelo Congresso em dezembro. "Todos são iguais
perante a lei, por isso demos um aumento linear. Demos um aumento
específico para Exército, Marinha e Aeronáutica e nos comprometemos com
as demais categorias com as quais fechamos acordo", limitou-se a dizer
a presidente.
O aumento linear acertado com a equipe econômica prevê um aumento de
15,8% dividido pelos próximos três anos para diversas categorias, como
professores universitários, por exemplo. O impacto sobre folha anual
de pagamento de um reajuste nessas proporções será, de acordo com
cálculos feitos pelo Ministério do Planejamento, de quase R$ 18 bilhões no primeiro ano. O percentual, no entanto, segundo o
secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, não foi oferecido a
todas as categorias, em razão das limitações do Orçamento.
No início de dezembro, contudo, deputados e senadores aumentaram as
folhas salariais do Judiciário e do próprio Legislativo. A Câmara
aprovou, no dia 5 deste mês, um reajuste dos servidores do Judiciário
de aproximadamente 27% ao longo dos próximos três anos. Já a Mesa
Diretora do Senado decidiu estender aos servidores do Congresso o mesmo
reajuste de 15,8% dado por Dilma aos integrantes do Poder Executivo.
"Sobre esses aumentos não sei, não chegou o projeto ainda", ironizou
ela.
O embate com o Poder Judiciário estende-se desde 2009. Inicialmente,
o Supremo Tribunal Federal defendia um aumento de 70%. O então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a proposta, abrindo uma
crise entre os poderes. O Correio apurou que a tendência, neste
momento, é que a presidente vete os reajustes. Negociadores políticos
não estranharam os aumentos extemporâneos aprovados pelo Congresso e
atribuem as medidas à ressaca eleitoral. "Quem volta para Brasília
depois das disputas municipais normalmente carrega as mágoas e as
queixas de que foram preteridos pelo governo nos embates locais", disse
um integrante do governo.
Fonte: Correio Braziliense
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