Autor(es): Janaína Figueiredo
Chávez e Capriles encerram campanha mais acirrada da década com megacomícios
Mantendo o ritmo. Hugo Chávez, de preto, dança depois de fazer seu discurso em comício no centro de Caracas
Euforia e esperança. Henrique Capriles cumprimenta seus eleitores em evento na cidade de San Franciso de Apure
Caracas O presidente venezuelano, Hugo Chávez, e seu adversário nas
eleições do próximo domingo, Henrique Capriles, encerraram ontem a
campanha mais acirrada dos últimos 14 anos na Venezuela, cujo desfecho
continua despertando esperança entre os opositores e nervosismo entre
os chavistas. Debaixo de chuva, o líder bolivariano prometeu dar "uma
surra na burguesia" e acabar com o desemprego, a miséria e o déficit
habitacional até 2019, caso seja novamente reeleito. O Chávez de ontem
foi o mesmo dos últimos meses, após anunciar estar curado do câncer e
mergulhar na campanha: um presidente mais limitado, que falou durante
apenas meia hora e assumiu as pendências de sua revolução socialista. A
372 quilômetros da capital, Capriles dirigiu-se pela última vez a seus
seguidores na cidade de Barquisimeto, estado de Lara, distrito no qual
até pouco tempo atrás o chavismo era dominante. Eufórico como nos quase
280 comícios realizados nos últimos três meses, o opositor mandou um
recado aos indecisos, que, segundo analistas locais, chegam a quase 10%
dos 19 milhões de eleitores.
- Peço a cada um dos indecisos que faça uma lista dos problemas que
enfrenta todos os dias e veja nos programas de governo as promessas não
cumpridas - disse Capriles. - Digo a Chávez que seu ciclo terminou.
Esta é a hora do futuro, a Venezuela acordou- enfatizou.
Chávez e Capriles dizem sentir-se vencedores. Mas a realidade,
segundo analistas locais, é que o cenário continua incerto. De acordo
com Luis Vicente León, diretor da Datanálisis, uma das empresas de
consultoria mais importantes do país, nas últimas pesquisas, 13% dos
entrevistados não quiseram revelar seu voto. Destes, a maioria seria de
indecisos.
- Neste encerramento vimos cenas similares às de toda a campanha: um
Chávez fisicamente deteriorado e um Capriles conectado com os
eleitores - disse León.
Em Caracas, o presidente discursou para um público que ocupou as
sete principais avenidas do centro da cidade. A magnitude da "maré
vermelha" chavista foi ofuscada por denúncias sobre o modus operandi do
Palácio Miraflores para organizar o comício que praticamente paralisou
a capital. Funcionários públicos de todo o país foram mobilizados para
defender a reeleição.
Segundo o jornal "El Nacional", o Palácio Miraflores pagou cerca de
500 bolívares (US$ 116, no câmbio oficial, e US$ 42 no paralelo) aos
manifestantes. O recado dado aos servidores, de acordo com versões que
circularam nos últimos dias, foi claro: quem não fosse ao comício
sofreria retaliações que incluiriam, por exemplo, a perda de casas da
Missão Habitação, uma das últimas iniciativas do chavismo. Capriles
aproveitou o escândalo - o centro de Caracas parecia ontem uma
rodoviária - para assegurar que, em seu governo, os servidores não serão
obrigados a participarem de atos políticos:
- Muitos funcionários públicos querem algo melhor. Queremos um país diferente.
tática do medo até o último momento
A meta do presidente é alcançar 10 milhões de votos, número que
jamais atingiu. Seu recorde, alcançado em 2006, foi de 7,3 milhões.
Alguns estados são cruciais para ambos os candidatos, como Zulia,
Carabobo e Miranda, que representam mais de 1 milhão de votos.
- Chávez é a pátria e o futuro. Quem é o candidato da corrupção e
dos grandes negócios? - perguntou o líder bolivariano, para que a
multidão respondesse "Capriles!".
O presidente pediu uma "avalanche de votos" a seus seguidores, de
forma a ter em mãos "uma vitória inquestionável" no domingo. No dia
seguinte, assegurou Chávez, começará seu novo governo e nele serão
eliminados o desemprego, a miséria e os problemas habitacionais.
- Vocês acham que no governo do majunche (expressão venezuelana que
quer dizer medíocre) haverá mercados populares e missões? - perguntou o
presidente, reforçando a estratégia do medo usada na campanha.
Capriles já deixou claro que seu programa de governo não prevê
eliminar os benefícios sociais criados por Chávez. Ontem, o candidato
chegou a Lara ao lado do governador local, Henry Falcón, um ex-aliado
do presidente. O eixo de seu discurso foram as promessas que o chavismo
deixou de cumprir, além de mencionar dramas do dia a dia dos
venezuelanos, como a violência e os apagões:
- Este governo só pensa num homem e numa revolução. Nós pensamos em nossas vidas.
Fonte: O Globo - Portal ClippingMP 05/10/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente