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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Último apelo antes do voto

Autor(es): Janaína Figueiredo 

Chávez e Capriles encerram campanha mais acirrada da década com megacomícios

Mantendo o ritmo. Hugo Chávez, de preto, dança depois de fazer seu discurso em comício no centro de Caracas
Euforia e esperança. Henrique Capriles cumprimenta seus eleitores em evento na cidade de San Franciso de Apure
Caracas O presidente venezuelano, Hugo Chávez, e seu adversário nas eleições do próximo domingo, Henrique Capriles, encerraram ontem a campanha mais acirrada dos últimos 14 anos na Venezuela, cujo desfecho continua despertando esperança entre os opositores e nervosismo entre os chavistas. Debaixo de chuva, o líder bolivariano prometeu dar "uma surra na burguesia" e acabar com o desemprego, a miséria e o déficit habitacional até 2019, caso seja novamente reeleito. O Chávez de ontem foi o mesmo dos últimos meses, após anunciar estar curado do câncer e mergulhar na campanha: um presidente mais limitado, que falou durante apenas meia hora e assumiu as pendências de sua revolução socialista. A 372 quilômetros da capital, Capriles dirigiu-se pela última vez a seus seguidores na cidade de Barquisimeto, estado de Lara, distrito no qual até pouco tempo atrás o chavismo era dominante. Eufórico como nos quase 280 comícios realizados nos últimos três meses, o opositor mandou um recado aos indecisos, que, segundo analistas locais, chegam a quase 10% dos 19 milhões de eleitores.
- Peço a cada um dos indecisos que faça uma lista dos problemas que enfrenta todos os dias e veja nos programas de governo as promessas não cumpridas - disse Capriles. - Digo a Chávez que seu ciclo terminou. Esta é a hora do futuro, a Venezuela acordou- enfatizou.
Chávez e Capriles dizem sentir-se vencedores. Mas a realidade, segundo analistas locais, é que o cenário continua incerto. De acordo com Luis Vicente León, diretor da Datanálisis, uma das empresas de consultoria mais importantes do país, nas últimas pesquisas, 13% dos entrevistados não quiseram revelar seu voto. Destes, a maioria seria de indecisos.
- Neste encerramento vimos cenas similares às de toda a campanha: um Chávez fisicamente deteriorado e um Capriles conectado com os eleitores - disse León.
Em Caracas, o presidente discursou para um público que ocupou as sete principais avenidas do centro da cidade. A magnitude da "maré vermelha" chavista foi ofuscada por denúncias sobre o modus operandi do Palácio Miraflores para organizar o comício que praticamente paralisou a capital. Funcionários públicos de todo o país foram mobilizados para defender a reeleição.
Segundo o jornal "El Nacional", o Palácio Miraflores pagou cerca de 500 bolívares (US$ 116, no câmbio oficial, e US$ 42 no paralelo) aos manifestantes. O recado dado aos servidores, de acordo com versões que circularam nos últimos dias, foi claro: quem não fosse ao comício sofreria retaliações que incluiriam, por exemplo, a perda de casas da Missão Habitação, uma das últimas iniciativas do chavismo. Capriles aproveitou o escândalo - o centro de Caracas parecia ontem uma rodoviária - para assegurar que, em seu governo, os servidores não serão obrigados a participarem de atos políticos:
- Muitos funcionários públicos querem algo melhor. Queremos um país diferente.
tática do medo até o último momento
A meta do presidente é alcançar 10 milhões de votos, número que jamais atingiu. Seu recorde, alcançado em 2006, foi de 7,3 milhões. Alguns estados são cruciais para ambos os candidatos, como Zulia, Carabobo e Miranda, que representam mais de 1 milhão de votos.
- Chávez é a pátria e o futuro. Quem é o candidato da corrupção e dos grandes negócios? - perguntou o líder bolivariano, para que a multidão respondesse "Capriles!".
O presidente pediu uma "avalanche de votos" a seus seguidores, de forma a ter em mãos "uma vitória inquestionável" no domingo. No dia seguinte, assegurou Chávez, começará seu novo governo e nele serão eliminados o desemprego, a miséria e os problemas habitacionais.
- Vocês acham que no governo do majunche (expressão venezuelana que quer dizer medíocre) haverá mercados populares e missões? - perguntou o presidente, reforçando a estratégia do medo usada na campanha.
Capriles já deixou claro que seu programa de governo não prevê eliminar os benefícios sociais criados por Chávez. Ontem, o candidato chegou a Lara ao lado do governador local, Henry Falcón, um ex-aliado do presidente. O eixo de seu discurso foram as promessas que o chavismo deixou de cumprir, além de mencionar dramas do dia a dia dos venezuelanos, como a violência e os apagões:
- Este governo só pensa num homem e numa revolução. Nós pensamos em nossas vidas.

Fonte: O Globo - Portal ClippingMP 05/10/2012

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