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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Candidatos sujos

Autor(es): Luiz Garcia 
 Eleições, como todo mundo sabe, são momentos de festa da democracia. É óbvio: o voto é a expressão da vontade do cidadão. Em nenhum outro momento ele tem igual poder para influenciar o futuro da comunidade em que vive - o que, em grande parte, é o seu próprio futuro. E nada é mais democrático do que isso.
O eleitor pode escolher bem ou mal. Isso está na natureza do jogo, cujas regras foram consideravelmente aperfeiçoadas pela Lei da Ficha Limpa. E esta, vale a pena recordar, não nasceu na cabeça de nenhum político praticante, e sim de um movimento popular inédito na nossa história política - e sem similar em outros regimes democráticos.
Por tudo isso, é com mistura de orgulho e senso de dever cívico que temos de votar neste fim de semana. Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos aparentemente - um advérbio caridoso - não deram grande importância à limpeza das fichas dos candidatos que nos oferecem.
Mais de 2.600 candidatos foram denunciados no país inteiro, acusados de sujeira nas fichas. Até terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral conseguiu julgar 551 deles. Foi um belo esforço, mas sobraram muitos espertinhos na disputa.
Deve-se admitir, em princípio, que um certo número das denúncias seja de golpes baixos de adversários dos candidatos.
De qualquer maneira, é obviamente impossível que os seis ministros do Tribunal Superior Eleitoral decidam todos os processos antes da votação.
O TSE anunciou um esforço concentrado para julgar antes da votação o maior número possível de candidatos acusados - mas os ministros reconhecem que a única meta possível é resolver todos os casos até a diplomação dos eleitos, em dezembro.
É um trabalhão para os coitados dos membros do TSE. Uma possível forma de resolver o problema, em eleições futuras, seria criar alguma punição para os partidos. Afinal, é obrigação deles - ou deveria ser - examinar com severidade as fichas dos cidadãos que apresentam como candidatos. E é bom não esquecer que, aos olhos do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada - ou deveria sê-lo - exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram.
Até agora, não há notícia de algum partido que se disponha a avaliar, publicamente e com s severidade, as fichas de todos os cidadãos que ambicionam mandatos.

 Fonte: O Globo - Portal ClippingMP 05/10/2012

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