Autor(es): Luiz Garcia
Eleições, como todo mundo sabe, são momentos de festa da democracia.
É óbvio: o voto é a expressão da vontade do cidadão. Em nenhum outro
momento ele tem igual poder para influenciar o futuro da comunidade em
que vive - o que, em grande parte, é o seu próprio futuro. E nada é
mais democrático do que isso.
O eleitor pode escolher bem ou mal. Isso está na natureza do jogo,
cujas regras foram consideravelmente aperfeiçoadas pela Lei da Ficha
Limpa. E esta, vale a pena recordar, não nasceu na cabeça de nenhum
político praticante, e sim de um movimento popular inédito na nossa
história política - e sem similar em outros regimes democráticos.
Por tudo isso, é com mistura de orgulho e senso de dever cívico que
temos de votar neste fim de semana. Muito a propósito, vale a pena
registrar que os partidos políticos aparentemente - um advérbio
caridoso - não deram grande importância à limpeza das fichas dos
candidatos que nos oferecem.
Mais de 2.600 candidatos foram denunciados no país inteiro, acusados
de sujeira nas fichas. Até terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral
conseguiu julgar 551 deles. Foi um belo esforço, mas sobraram muitos
espertinhos na disputa.
Deve-se admitir, em princípio, que um certo número das denúncias seja de golpes baixos de adversários dos candidatos.
De qualquer maneira, é obviamente impossível que os seis ministros
do Tribunal Superior Eleitoral decidam todos os processos antes da
votação.
O TSE anunciou um esforço concentrado para julgar antes da votação o
maior número possível de candidatos acusados - mas os ministros
reconhecem que a única meta possível é resolver todos os casos até a
diplomação dos eleitos, em dezembro.
É um trabalhão para os coitados dos membros do TSE. Uma possível
forma de resolver o problema, em eleições futuras, seria criar alguma
punição para os partidos. Afinal, é obrigação deles - ou deveria ser -
examinar com severidade as fichas dos cidadãos que apresentam como
candidatos. E é bom não esquecer que, aos olhos do eleitor, a qualidade
de um partido político é avaliada - ou deveria sê-lo - exclusivamente
pelas virtudes daqueles que o integram.
Até agora, não há notícia de algum partido que se disponha a
avaliar, publicamente e com s severidade, as fichas de todos os
cidadãos que ambicionam mandatos.
Fonte: O Globo - Portal ClippingMP 05/10/2012
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