- 21/06/2015 16h36
- Rio de Janeiro
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
A menina Kayllane Campos, 11 anos, atingida na testa por uma
pedra no último dia 14 ao sair de um culto do candomblé, participou hoje
(21) de ato contra a intolerância religiosa,
na Vila da Penha, bairro da zona norte da cidade. Ela disse ter ficado
muito agradecida pelas diversas manifestações de solidariedade e pediu
que seus agressores parem com atitudes preconceituosas.
Acompanhada
da mãe Karina Coelho e da avó Kátia Marinho, conhecida no candomblé
como mãe Kátia de Lufan, a menina disse que não é ela quem precisa
perdoar os agressores. “Quem tem que perdoar não sou eu, é o meu pai
Oxalá.” A menina disse que, depois do episódio, tem mais certeza de sua religião.
A
família de Kayllane lançou um abaixo-assinado, no último dia 19, na
plataforma Change.org, na internet, pela defesa da liberdade religiosa A
meninda espera chegar a um número suficiente de assinaturas para
garantir a organização de uma campanha nacional sobre o tema.
Diante
da adesão de múltiplos credos à manifestação, a avó da menina, Kátia
Marinho, disse que a agressão sofrida pela neta veio “provar que todos
nós somos irmãos, cada um na sua fé". "Eu respeito a [religião] de todo
mundo e exijo respeito à minha”, destacou.
O exemplo de respeito a
religiões é dado pela própria família de Kayllane, cuja mãe abandonou o
candomblé, onde foi criada, e se converteu à igreja evangélica há um
ano. “O avô dela é católico”, lembrou Kátia. “Você tem a opção de
escolher o que quer seguir, o que quer ser”, disse.
Para Kátia, a
manifestação deixou claro para a sociedade que a intolerância não é só
contra o candomblecista e o umbandista. “Claro que nós somos o alvo
principal, mas todo mundo sofre: o evangélico sofre, o budista sofre.
Acho que antes de você levantar uma bandeira e falar que crê em alguma
coisa, tem que ter amor no coração e ver o seu próximo como seu irmão”.
A
mãe de Kayllane, Karina Coelho, destacou que a convivência dentro da
família é ótima, apesar da diversidade de religiões. Ela preferiu não
fazer comentários sobre quem pratica esse tipo de ato contra
qualquer religioso. “Não acho que seja de Deus apontar. Deus não apontou
ninguém. A gente não tem que apontar ninguém, temos que amar um ao
outro igual.”
A exemplo da filha, Karina assegurou que
quem tem que perdoar os agressores é Deus. “Não tenho raiva, não tenho
ódio. Eles têm que pagar como humanos, mas quem perdoa é Deus. Deus
acima de tudo e de todos”, destacou.
Fonte: Agência Brasil
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