- 21/06/2015 17h08
- São Paulo
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Edição: Aécio Amado
De difícil diagnóstico, a caquexia é uma síndrome associada a doenças como câncer, aids
e insuficiência cardíaca. Ela provoca perda de peso e atrofia muscular.
Embora não haja dados sobre quantas pessoas sofrem com essa síndrome no
país, a caquexia pode atingir 85% das pessoas com câncer de pulmão e
até 30% das pessoas com insuficiência cardíaca.
“A caquexia é uma
síndrome que acelera o metabolismo do corpo e leva à perda de peso,
perda de músculo e diminuição do desempenho. É diferente de desnutrição.
Tem pessoas que são magras e desnutridas, mas que continuam a fazer
suas atividades. A caquexia leva a uma aceleração do metabolismo,
independentemente da quantidade de comida que ela consuma”, explicou o
pesquisador e médico geriatra do Hospital das Clínicas de Ribeirão
Preto, André Filipe Junqueira dos Santos, em entrevista à Agência Brasil.
Para
facilitar o diagnóstico da doença no futuro, o médico usou um aparelho
para avaliar a atividade física diária e o instalou em idosos que
desenvolveram ou não a síndrome. Ele observou que atividades simples,
por exemplo, como ficar em pé ou caminhar, tornam-se mais difíceis para
as pessoas que desenvolvem a síndrome.
“Esse aparelho é tipo um
cartão de crédito que foi colocado na coxa das pessoas, com um adesivo.
Ele conseguia medir, em tempo real, o período que elas ficavam andando
ou em pé. E estudei essa diferença em idosos saudáveis e idosos com
caquexia para ver se o aparelho conseguia pegar essa
diferença”, explicou o médico sobre a pesquisa de doutorado que
desenvolveu, chamada de Correlação da Atividade Física Espontânea com a
Composição Corporal, a Capacidade Funcional e a Qualidade Muscular em
Idosos com Caquexia Associada ao Câncer.
O aparelho, segundo o
médico, é uma espécie de sensor que avalia atividades cotidianas e foi
desenvolvido na Escócia. O equipamento custa em média R$ 1,5 mil e pode
ser usado diversas vezes. Na pesquisa, o aparelho foi colocado na coxa
de 45 idosos (22 deles saudáveis e 23 portadores de caquexia e com
câncer em estágio avançado) pelo período de uma semana. O resultado
demonstrou diferenças na atividade física praticada por idosos com ou
sem caquexia.
“O homem idoso saudável caminha, em média, 7 mil
passos. Um idoso com caquexia andava, em média, em torno de 3 mil ou
quatro mil passos. E uma mulher saudável que andava 8 mil passos, passou
a andar 5 mil passos. O tempo em pé, de uma mulher saudável, que no dia
a dia é em torno de cinco horas, caía para pouco mais de uma hora e
meia [no caso em que ela tinha caquexia]”, informou o pesquisador.
Segundo
o médico, o estudo conseguiu demonstrar essa diferença, o que pode
auxiliar os médicos no diagnóstico precoce da doença. “Quando a gente
consegue fazer o diagnóstico primário, quanto mais cedo e mais rápido,
melhor o tratamento. Se a caquexia evolui para um estágio mais avançado,
mesmo com tratamento, não se consegue ter mais o efeito desejado”.
Depois
da pesquisa, a ideia do médico, agora, é fazer mais testes e validar o
aparelho em várias pessoas para depois começar a usá-lo no Hospital das
Clínicas de Ribeirão Preto. “A gente conseguiu dizer que existe mesmo
esse impacto da caquexia no dia a dia e, no futuro, queremos padronizar
esse aparelho para ser mais uma ferramenta no aparelho médico”.
Fonte: Agência Brasil
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