- 24/06/2015 11h05
- Brasília
Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil
Edição: Marcos Chagas
A
expectativa do Banco Central (BC) é que a inflação ao final de 2016
ainda estará distante da meta. Isso é um “sinal importante” sobre os
efeitos da estratégia atual de elevação da taxa básica de juros, a
Selic. Outro sinal citado pelo banco é a elevação das expectativas de
inflação para este ano. Essas observações estão no Relatório de Inflação, divulgado hoje (24) pelo BC.
O
banco espera levar a inflação para a meta ao final de 2016. Neste ano, o
BC projeta uma inflação de 9%, ante 7,9% previstos em março, e de 4,8%
em 2016, contra 4,9% previstos anteriormente. A meta de inflação é 4,5% e
o limite superior é 6,5%. Portanto, para este ano, expectativa é de
estouro da meta, com redução da inflação no próximo ano.
“Apesar
de redução, as expectativas de inflação para o final de 2016 ainda
mostram diferença relevante em relação à meta. Isso, a despeito da queda
em comparação com os níveis observados no Relatório de Inflação
de março e da significativa elevação das expectativas de inflação para o
ano corrente. Esses fatos constituem um importante sinal sobre os
efeitos da estratégia atual de política monetária”, avalia o BC.
O
Banco Central destaca que uma fonte de risco é a expectativa de alta
dos preços, impactada negativamente nos últimos meses pela inflação alta
e pela dispersão de aumentos de preços. “Cabe notar que o descasamento
sistemático entre aumentos de salários e de preços, a elevada difusão da
inflação e aumentos de preços de bens e serviços frequentemente
adquiridos – a exemplo de alimentos e serviços públicos – constituem
indicativos de que a inflação percebida pelos agentes econômicos pode
estar sendo superior à inflação efetiva”, diz o BC.
Para fazer
com que a inflação volte à meta, o banco tem elevado a taxa básica de
juros, a Selic. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC
aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera
reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e
estimulam a poupança. A Selic, atualmente em 13,75% ao ano, está em
ciclo de alta e já passou por seis elevações seguidas.
No
relatório, o BC analisa que um aumento de 1 ponto percentual na taxa
Selic, que perdura por quatro trimestres, reduz a demanda agregada e
consequentemente tende a diminuir a inflação. Segundo o estudo do Banco
Central, o efeito máximo dessa elevação ocorre em dois anos.
O BC
avalia ainda que a contenção de gastos públicos também leva tempo para
produzir efeito. Segundo o relatório, um aumento permanente de 1 ponto
percentual no superávit primário – receitas e despesas, menos gastos com
juros – estrutural também leva dois anos para produzir todo o impacto
desejado na demanda. O superávit primário estrutural é um cálculo feito
com base na exclusão de receitas e despesas extraordinárias, assim como
das decorrentes dos ciclos econômicos. O governo estabelece uma meta de
superávit primário para economizar dinheiro e usá-lo no pagamento de
juros da dívida pública.
No relatório, o BC diz ainda que o atual
processo de ajuste do governo, com corte de despesas e restabelecimento
de alíquotas de tributos, “contribuirá para a melhor dinâmica das
contas públicas nos próximos meses e sinalizam comprometimento com o
atingimento das metas de superavit primário em 2015 e nos anos
seguintes”.
Além de avaliar o efeito da elevação da Selic e de
economia de gastos do governo, o BC também analisou a resposta da
inflação a uma alta de 10% do dólar. Segundo o banco, choques de câmbio
afetam a inflação de alimentação no domicílio e de produtos industriais
diretamente e o efeito máximo ocorre em cerca de três trimestres.
Fonte: Agência Brasil
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