- 22/06/2015 15h23
- São Paulo
Daniel Mello- Repórter da Agência Brasil
Edição: Valéria Aguiar
Um grupo formado principalmente por idosos ocupa,
deste o final de abril, um sobrado no Jardim América, bairro nobre da
zona oeste paulistana. O objetivo da Frente de Luta por Moradia é
transformar o imóvel em casa de repouso. Segundo o movimento, além dos
27 moradores idosos, voluntários ajudam a manter a casa, de 210 metros
quadrados.
Idosos ocupam sobrado em área nobre de São Paulo |
Reparos
mais pesados, como consertar os encanamentos, são feitos pelos
militantes mais jovens, enquanto, na limpeza e nas tarefas mais leves,
os próprios idosos se revezam para cuidar da moradia. “Para a limpeza,
são todos, cada um faz uma tarefa”, enfatiza Luzia Brito, de 75 anos,
encarregada de organizar o trabalho.
A
maior parte dos ocupantes é aposentada e recebe benefício de apenas um
salário mínimo. Alguns têm emprego fixo ou fazem bicos para complementar
a renda. Em comum, todos dizem ter dificuldades para pagar o aluguel.
“Eu tinha sido despejada e estava morando de favor”, disse Cleide Silva,
de 60 anos, que já trabalhou em diversas áreas ao longo da vida.
“Trabalhei como doméstica, faxineira e em telemarketing, que foi o último."
Divorciada
há mais de 20 anos, Cleide dsse que os dois filhos não têm condições de
cuidar dela. Com a aposentadoria, não era capaz nem de manter uma
quitinete na região central da cidade. Por isso, está satisfeita em
participar da ocupação. “Para nós, tem sido uma bênção. Porque assim,
não ficamos na rua, nem passamos a humilhação de viver de favor.”
Morando
no sobrado, o casal Valdetina de Queirós (64 anos) e Darci Pereira (63
anos) conseguiu reduzir o tempo de deslocamento até o trabalho. Ambos
têm emprego na Santa Cecília, região central, mas moravam na Cidade
Tiradentes, extremo leste da capital. “É muito lotada a condução”, disse
Valdetina sobre as duas horas que passava entre metrô e ônibus. Darci
gosta da localização da casa: “aqui é sossegado, não tem bagunça. O
bairro é bom.”
O imóvel pertence à Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), que já entrou com ação de reintegração de posse contra
os ocupantes. A Unifesp recebeu o sobrado por doação após a morte de
Maria Apparecida Madeira Kerbeg. A antiga proprietária condicionou a
doação ao uso da casa pela universidade. Em caso de venda do imóvel, os
recursos devem revertidos para pesquisa em saúde.
Em nota, a
Unifesp explica que mantém contato com a Frente de Luta por Moradia e
que não se opõe à proposta do movimento de adquirir o imóvel por meio do
Programa Minha Casa, Minha Vida. “Essa compra, caso seja concretizada,
deverá ocorrer conforme o procedimento administrativo e de acordo com a
legislação vigente,” acrescenta a nota.
Fonte: Agência Brasil
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