31/08/2013 - 18h09
Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O anúncio do presidente Barack Obama de que os Estados
Unidos estão prontos para uma intervenção militar na Síria gera receio
de que mais inocentes morram, disse hoje (31) o presidente do Conselho
de Ética da União Nacional das Entidades Islâmicas, Sheikh Jihad
Hammadeh.
Para Hammadeh, os Estados Unidos assistiram à morte de milhares de
inocentes, anteriormente, e não fizeram nada. “Somente agora fizeram um
discurso mais forte”, ressaltou. Para ele, os Estados Unidos só agiram
agora para defender seus próprios interesses. “É como se o país
consentisse a matança em massa, mas não o uso de armas químicas”,
explicou.
Hammadeh defendeu outras estratégias contra o governo sírio, em vez
da intervenção militar. Para ele, os Estados Unidos poderiam ajudar
rebeldes com armas e providenciar meios de proteger os civis, além de
fazer pressão sobre os países que apoiam o presidente Bashar Al Assad.
O representante das entidades islâmicas ressaltou ainda que, mesmo
os ataques militares chamados de “cirúrgicos”, atingem pessoas
inocentes. “Quem já sofreu isso, sabe que uma bomba não atinge só o
governo. Morrem inocentes e culpados”, disse Hammadeh, que tem parentes e
amigos na Síria. Ele teme que o país se transforme em “um novo Iraque
ou Afeganistão” e que, com a intervenção, morra na Síria o mesmo número
de pessoas mortas pela ação do governo Assad.
Hoje (31), o presidente norte-americano, Barack Obama, disse que os Estados Unidos estão prontos para uma intervenção militar
na Síria. “Nossa capacidade de executar essa missão não é sensível ao
tempo; será eficaz amanhã, na próxima semana ou daqui a um mês. E eu
estou preparado para dar essa ordem.” Obama ressaltou, porém, que vai
pedir o aval do Congresso americano, que está em recesso até 9 de
setembro.
Obama disse que não espera a concordância de todos os países com a
ação militar na Síria, mas pediu que aqueles que estiverem de acordo
declarem isso publicamente. Ele afirmou que tomará a decisão mesmo sem
aprovação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
(ONU).
Segundo o presidente americano, o governo sírio cometeu violência
contra a dignidade humana e fere a segurança dos Estados Unidos, uma vez
que pode estimular o uso de armas químicas e proliferação de grupos
terroristas. Obama reforçou que considera o governo sírio responsável
pelo ataque ao próprio povo. Ele destacou que os Estados Unidos têm de
que agir diante desse ato na Síria, que, conforme relatos de serviços
secretos americanos, provocou a morte de mais de mil pessoas, entre elas
crianças.
A oposição e países ocidentais acusam o regime de Bashar Al Assad de
ter usado gás tóxico no ataque do dia 21 deste mês, nos arredores de
Damasco, capital síria. O governo sírio rejeita as acusações e atribui a
responsabilidade pelo ataque aos rebeldes.
O conflito na Síria já fez, desde março de 2011, mais de 100 mil mortos e levou o país a ser suspenso dos trabalhos da Liga Árabe.
O conflito na Síria já fez, desde março de 2011, mais de 100 mil mortos e levou o país a ser suspenso dos trabalhos da Liga Árabe.
Edição: Nádia Franco
Fonte: Agência Brasil
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