26/09/2013 - 16h16
- Economia
Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O diretor executivo do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista, que representa o Brasil e
mais dez países no órgão, disse hoje (26) que os fundamentos da economia
brasileira estão razoáveis e que o ponto que merece mais atenção são as
contas externas.
“Os [fundamentos] fiscais estão bastante razoáveis, a política
monetária também, a regulação do sistema financeiro boa. No setor
externo, a deterioração da conta corrente preocupa um pouco, mas as
reservas são altas e a entrada de investimentos diretos é alta. Então,
eu diria que está razoável. Acho que tem de ficar de olho [nas contas
externas], porque não convém ter déficit em conta corrente muito alto. É
um ponto preocupante, mas não é alarmante”, avaliou Batista, que frisou
estar declarando opinião própria, e não do fundo.
Batista participou do seminário Governança Financeira Depois da
Crise, promovido pelo Multidisciplinary Institute on Development and
Strategie (Minds) e o Levy Economics Institute.
Sobre a reportagem da revista britânica The Economist
intitulada Has Brazil blown up? (Será que o Brasil estragou tudo?, em
tradução livre), que foi às bancas hoje, questionando se o país
fracassou na política econômica atual, depois de ter ido bem nos anos
anteriores, Batista acredita que o país está apresentando recuperação
progressiva.
“O Brasil passou por uma fase de grande sucesso, era moda e
referência. Havia um certo exagero naquela época, até 2011. Agora houve
uma reavaliação mais negativa e está indo para o extremo oposto. Acho
que o Brasil está crescendo menos do que o esperado, menos do que pode
crescer. Na verdade, a desaceleração de 2011 foi desejada e planejada
pelo governo brasileiro, porque havia a percepção, correta, de que em
2010 o país estava superaquecendo. Houve medidas deliberadas para
desaquecer a economia, isso provocou uma queda na taxa de crescimento, o
que não foi surpresa. O que foi uma surpresa negativa foi a dificuldade
de se recuperar em 2012 e em 2013. Mas eu creio que agora estamos
vivendo uma recuperação mais clara, ainda incipiente, mas os dados estão
mostrando que a economia está se reativando”, disse.
O diretor do FMI citou como dado favorável a força do mercado de
trabalho brasileiro, que vem apresentando números positivos, apesar da
crise econômica mundial, o que pode sinalizar um início de recuperação.
“O mercado de trabalho é uma surpresa positiva nesse período todo.
Apesar da desaceleração forte da economia, o mercado de trabalho
continua forte. A taxa de desemprego aberta está bastante baixa, os
salários continuam crescendo. O desempenho não é tão favorável quanto se
esperava, mas eu acho que vem uma recuperação”, acrescentou.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil
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