18/09/2013 - 22h29
- Cidadania
Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ex-deputado Lysâneas Maciel e o sociólogo Herbert
de Souza, o Betinho, foram homenageados hoje (18) pela atuação que
tiveram durante o período da ditadura militar. A homenagem ocorreu
durante a audiência das comissões Nacional e Estadual da Verdade, no
auditório da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de
Janeiro (Caarj), no centro do Rio.
Para Regina Maciel, mulher do ex-deputado, que morreu em dezembro de
1999, a cerimônia representou um momento muito forte. Ela falou sobre a
vida do marido como parlamentar de oposição - integrou o antigo MDB
(Movimento Democrático Brasileiro, que depois se transformou no atual
PMDB) - e como advogado de presos políticos na ditadura.
“Foi motivo de rememorar toda a história que vivemos e a vida de
Lysâneas dentro e fora do Parlamento. Depois que ele foi exilado, nós
moramos na Suíça, ele continuou o trabalho no Conselho Mundial de
Igrejas e ali nós continuamos batalhando pelos desaparecidos do Brasil,
os torturados e pelas famílias dessas pessoas. Então foi gratificante
vir aqui, rememorar e compartilhar com as pessoas o que vivemos”, disse.
Durante o depoimento, Regina contou que o casal passou por momentos
difíceis em casa, quando pessoas das famílias de torturados e presos
pela repressão iam lá pedir que o deputado ajudasse na busca de
desaparecidos ou em casos de tentativa de libertação de presos.
“Algumas pessoas às vezes não entendiam por que Lysâneas era tão
agressivo quando subia à tribuna para anunciar essas coisas. Não sabiam
que já tinha saído de casa com toda a bagagem de mães, filhos, mulheres,
noivos, maridos, desesperados procurando seus entes queridos e pedindo a
ele que fizesse alguma coisa”, declarou.
Maria Nakano, que foi casada com Betinho, disse que o trabalho da
Comissão da Nacional da Verdade (CNV) é importantíssimo para a história
do país. “Não é porque é a nossa história, mas é algo que se tem que
contar. A reconstituição é parte disso. É fundamental este trabalho,
tudo que for possível a gente fazer e estiver ao nosso alcance”, disse.
Para o coordenador do grupo de trabalho sobre o papel das igrejas
durante a ditadura, Anivaldo Padilha, o importante da homenagem não foi
somente celebrar o passado, mas a vida e o que eles representaram.
“Foram pessoas que dedicaram suas vidas pela luta pela liberdade, contra
a ditadura pela justiça e pela paz. São pessoas que servem de
referências para as novas gerações. Eles foram referências para suas
gerações na época e continuam a ser para as gerações atuais”, declarou.
Edição: Aécio Amado
Fonte: Agência Brasil
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