19/09/2013 - 15h27
- Política
Karine Melo
Repóter da Agência Brasil
Repóter da Agência Brasil
Brasília – Especialistas, parlamentares e
operadores do direito apontaram nesta quinta-feira (19) pontos positivos
e negativos do novo Código de Processo Civil (CPC) - que tramita por
meio do Projeto de Lei (PL) 8.046/10 - durante comissão geral que
discutiu o tema na Câmara dos Deputados, mas foram unânimes em defender a
rápida votação da proposta.
O representante da Associação dos Juízes
Federais (Ajufe), Oscar Valente Cardoso, foi um dos que defenderam que a
votação ocorra rapidamente. Para ele, o texto ainda tem pontos a serem
melhorados, mas a discussão sobre a proposta do Senado teve início há
cinco anos e não deve se prolongar muito mais, para que não fique
desatualizada.
“Há muito mais avanços e melhorias do que
retrocessos”, disse. Um dos grandes avanços do novo CPC, segundo ele, é
conferir efetividade a vários dispositivos constitucionais relativos ao
processo civil.
Para o professor da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) José Manuel Alvim Netto, o
novo código valoriza a jurisprudência e a estabilidade judicial. Ele
disse que são incorretas as críticas de que os conceitos adotados na
proposta são vagos, pois, segundo ele, o novo texto mantém conceitos já
adotados na Constituição e na legislação comum.
Alvim Netto elogiou a simplificação
processual prevista no novo CPC. “Simplificar é comparar o texto a ser
modificado com o que resulta. Há vários exemplos bem-sucedidos da simplificação”, explicou.
O professor deu como exemplo as mudanças
no agravo de instrumento – recuso usado para contestar decisões
judiciais no curso do processo, dirigidas a instância superior para
serem julgadas imediatamente. “As ações serão julgadas pelos tribunais
sem a sobrecarga de tratar o agravo de instrumento como processo”,
explicou.
Já o juiz e professor de direito
processual da Universidade de São Paulo (USP) Fernando da Fonseca
Gajardoni reconheceu que o projeto avançou em muitos pontos, mas alertou
que outros podem ter efeito contrário ao desejado.
Um deles é a retirada do efeito suspensivo
da apelação, regra segundo a qual o recurso suspende a aplicação da
sentença. O projeto original acabava com esse efeito, garantindo a
execução da sentença independentemente do recurso. A proposta em
discussão no entanto, mantém a regra atual e garante o efeito suspensivo
da apelação. Segundo o professor, favorável à execução imediata da
decisão judicial, apenas 30% dos recursos obtêm sucesso em reformar uma
sentença.
Outra crítica foi feita à regra que obriga
o julgamento das ações de acordo com a ordem em que chegam aos
gabinetes. Há exceções, mas o projeto determina que elas também devem
seguir uma ordem cronológica.
“No Brasil, mais de 50% das unidades
judiciais de primeira instância são cumulativas [julgam todos os tipos
de processo]. Não vai ter baile no interior, não vai ter adoção, não vai
ter liberação para criança viajar, se a improbidade administrativa for
julgada”, explicou. Segundo ele, uma solução seria garantir o julgamento
cronológico apenas nos tribunais e não na primeira instância da
Justiça.
O presidente da comissão especial que
analisou o novo Código de Processo Civil, deputado Fabio Trad (PMDB-MS),
disse nesta quinta-feira (19) que a proposta deve ser votada no
plenário no próximo dia 8 de outubro.
A previsão inicial era de que o texto
fosse votado na semana que vem, mas a minirreforma eleitoral aprovada
pelo Senado terá prioridade. Para avançar nessas votações, no entanto, o
governo precisa retirar a urgência constitucional do projeto do Código
de Mineração, que tranca a pauta do plenário da Câmara e para o qual
ainda não há consenso que permita a aprovação.
Edição: Davi Oliveira
Fonte: Agência Brasil
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