13/10/2013 - 14h01
- Economia
Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As medidas adotadas pelo governo para ajudar na
recuperação do preço do café, que enfrenta uma crise internacional de
preços, com reflexos no mercado doméstico, ainda não surtiram efeito no
custo da saca comercializada no Brasil. O valor da saca de 60 quilos da
variedade arábica está entre R$ 260 e R$ 280, dependendo da localidade
do país. Para entidades representativas dos produtores, a demora no
socorro ao setor dificultou a reação. Elas cobram do poder público
definição antecipada das políticas para a próxima colheita.
“Até agora, o mercado não absorveu o programa de opções [leilões de
contratos de opção de venda do grão] nem a liberação de recursos do
Funcafé [Fundo de Defesa Econômica Cafeeira]. Os recursos [do Funcafé]
saíram com mais de 80% da safra colhida. Tendo políticas clareadas,
transparentes para a safra que começaria, o mercado reagiria de forma
diferente. Agora temos que aguardar um pouco para ver como ele vai se
comportar”, destaca Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional do
Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A demora na liberação dos recursos do Funcafé, que disponibilizou no
mês passado R$ 3,1 bilhões de R$ 5,8 bilhões previstos para o setor,
ocorreu porque houve atraso na aprovação do Orçamento de 2013 pelo
Congresso Nacional. Depois, foi necessário o aval do Conselho Monetário
Nacional (CMN) para liberação do dinheiro. Agora, segundo Mesquita, é a
greve dos bancos, iniciada há duas semanas que está dificultando o
acesso ao crédito.
Ele critica também o que considera morosidade na oficialização de
medidas como os leilões de contratos de opção de venda, encerrados na
última semana, e a elevação do preço mínimo. Além disso, para os
cafeicultores, o reajuste de 17% no valor, que agora está em R$ 307, não
foi suficiente para cobrir os custos de produção. O setor desejava
reajuste para R$ 350.
“Dependendo do sistema, é um custo de R$ 350 a R$ 400 por saca [para
produzir]. Nas safras anteriores o preço estava bom. O cafeicultor
investiu na atividade e teve maior produtividade que a normal. Agora
vende abaixo do custo de produção. Isso é a quebra. Ninguém consegue
trabalhar. O café é uma cultura perene, não se pode arrancar o pé e
plantar outro ano. Políticas para culturas perenes têm que ser
diferenciadas”, defende Breno Mesquita.
Para dar fôlego ao setor, a CNA solicitou ao governo a suspensão da
cobrança de débitos dos cafeicultores por três meses. Nesse período, a
entidade e o Conselho Nacional do Café (CNC) levantariam a real situação
de endividamento dos produtores e discutiria soluções com o governo. O
secretário adjunto de Política Agrícola da Secretaria de Política
Econômica do Ministério da Fazenda, João Rabelo, confirmou à Agência Brasil
que o órgão recebeu e está estudando o pedido de interrupção temporária
da cobrança dos débitos. De acordo com ele, caso haja decisão
favorável, ela deve ser divulgada na próxima reunião do CMN, prevista
para o dia 31 de outubro.
A CNA e o CNC reivindicam a definição de políticas com antecedência e
garantias para a safra seguinte. Segundo o deputado Silas Brasileiro
(PMDB-MG), presidente do CNC, no próximo dia 23 haverá reunião do
Conselho Deliberativo de Política Cafeeira, no Ministério da
Agricultura, e a reivindicação será um dos temas em discussão. “Temos
uma pauta extensa. Queremos negociar com antecedência os recursos [para a
próxima safra]”, informou. Na avaliação de Silas, a recuperação do
preço do café acontecerá, mas será demorada. “A reação virá, mas será
mais lenta. O mercado é especulativo, fica aguardando que o recurso
chegue na ponta. Pelo menos o preço estabilizou, não está mais caindo”,
destacou.
Edição: Beto Coura
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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