30/08/2013 - 12h23
- Nacional
Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Repórter Agência Brasil
Brasília – Erinaldo de Vasconcelos Silva, um dos oito acusados de
participar do assassinato de três auditores fiscais do Trabalho e de um
motorista do Ministério do Trabalho, confessou ter atirado nas vítimas
da chamada Chacina de Unaí, ocorrida em 28 de janeiro de 2004. Ele é um
dos três réus do caso que estão sendo julgados em tribunal do júri
iniciado terça-feira (27) em Belo Horizonte.
Além de admitir ter participado do crime,
Silva confirmou perante os jurados que Rogério Allan Rocha Rios e
William Gomes de Miranda, que também estão sendo julgados agora,
participaram dos assassinatos. O réu também disse que o crime foi
encomendado pelo fazendeiro Norberto Mânica mediante pagamento de R$ 50
mil ao trio. Segundo o réu, o fazendeiro ainda lhe ofereceu dinheiro
para sustentar a versão de que foi crime de latrocínio (roubo seguido de
morte).
Na quarta-feira (29), outro réu do
processo, o empresário Hugo Alves Pimenta, ao depor como testemunha,
também disse que Norberto Mânica encomendou a contratação de matadores
de aluguel para assassinar os fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida
Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, além do
motorista Aílton Pereira de Oliveira.
Pimenta, que não está sendo julgado nesta
etapa, responde pelo crime de homicídio doloso triplamente qualificado e
está colaborando com a Justiça em troca do benefício da delação premiada. Os assassinatos ocorreram em 28 de janeiro de 2004, na cidade de Unaí (MG).
Silva, Rios e Miranda são acusados pelo Ministério Público Federal
de serem os executores dos crimes. Como estão presos em caráter
preventivo desde 2004, os três estão sendo julgados agora, separadamente
dos outros cinco réus que respondem ao processo em liberdade e são
acusados de planejar a emboscada e o assassinato dos quatro servidores
públicos.
Segundo a acusação, os três foram contratados por Francisco Elder
Pinheiro, que morreu em janeiro deste ano, aos 77 anos de idade. Outros
quatro réus que respondem ao processo em liberdade devem ir a julgamento
no próximo dia 17 de setembro. Além de Norberto Mânica e de Hugo
Pimenta, também serão julgados José Alberto de Castro (empregado de
Pimenta) e Humberto Ribeiro dos Santos. A expectativa é que o fazendeiro
Antério Mânica, irmão de Norberto, também vá a julgamento no mesmo dia.
Rios e Miranda também foram ouvidos ontem (30), terceiro dia da
sessão de julgamento dos três primeiros réus. O primeiro negou as
acusações, insistindo na versão de que, no dia do crime, estava em
Salvador, participando da festa de aniversário do pai de sua então
namorada, Rosedalva Gonçalves. Quarta-feira (29), Rosedalva, Paulo
Rodolfo Rocha Rios, irmão do réu, e outras duas testemunhas já haviam
dito que Rios esteve presente à comemoração. Não foram, contudo,
apresentadas fotos que confirmassem tal versão, fato explorado pela
acusação.
Último réu a prestar depoimento, Miranda negou ter participado dos
assassinatos. Alegando ter recebido ameaças de morte, ele reivindicou o
direito de ficar calado para preservar a vida.
A sessão foi encerrada ontem por volta das 22h30 e retomada na manhã
de hoje (30). A intenção da juíza federal Raquel Vasconcelos Alves de
Lima, que preside o júri, é concluir o julgamento anunciando a sentença
ainda hoje. Servidores da sede da Justiça Federal em Belo Horizonte,
porém, estão preparados para avançar pela madrugada de sábado (31)
trabalhando.
Edição: Davi Oliveira
Fonte: Agência Brasil
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