29/08/2013 - 10h08
- Saúde
Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – No Dia Nacional de Combate ao Fumo, hoje (29),
médicos e especialistas na área elogiaram as políticas públicas
implementadas que, nos últimos 20 anos, contribuíram para uma queda de
cerca de 50% no número de fumantes no país. Para o diretor da Sociedade
Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Ademir Lopes Júnior, a
criação de ações complementares e interligadas permitiu a diminuição.
“Restringiram
a propaganda do cigarro, houve um aumento de disponibilidade de
tratamento para quem quisesse parar de fumar e restringiram o número de
locais onde as pessoas podem fumar”, destacou o médico à Agência Brasil.
De acordo com o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de
Janeiro, a Lei 12.546, de 2012, que proíbe o fumo em local coletivo
fechado, privado ou público, não diminuiu a clientela. A percepção
desses estabelecimentos, segundo o sindicato, é que a adesão e o
entendimento da sociedade sobre o assunto é cada vez maior e que os
clientes fumantes já assimilaram a legislação em vigor, retirando-se
para local aberto na hora de fumar.
O médico de família também citou as ações do governo, dentro da
política antitabagismo, que vem trabalhando com os pequenos produtores
de fumo, incentivando-os a parar com a cultivo e começar outros tipos de
produção, inclusive com incentivo financeiro.
O epidemiologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca), André
Szklo, ressaltou que, embora cada uma das políticas tenha tido sua
contribuição na redução de fumantes, a iniciativa de maior impacto foi a
de aumento de impostos nos derivados do tabaco e de fixação de preço
mínimo do cigarro. “Metade da queda que ocorreu pode ser explicada
somente pela política do aumento dos impostos”, comentou ele.
Szklo
acrescentou que “o aumento do preço do cigarro tem grande impacto na
iniciação, inibe a iniciação por parte de uma pessoa jovem, que ainda
não tem o mesmo poder aquisitivo de um adulto”.
O diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG), Daniel Kitner, também elogiou as políticas de combate ao
tabagismo, mas criticou a falta de ações específicas para os idosos.
“Hoje o idoso é incluído no grande grupo dos adultos e as orientações
vêm para o idoso no mesmo modelo que vão para o indivíduo mais jovem.
Mas sabemos que, depois dos 50 anos, a dependência à nicotina fica mais
intensa do que no indivíduo mais jovem”.
Kitner ressaltou que os idosos começaram a fumar “com idades mais
precoces e acumulam uma carga de pré-disposição ao tabaco mais intensa”.
Para o médico, campanhas voltadas a eles contribuiriam para romper com a
crença, por grande parte dos idosos, que parar de fumar em idade
avançada já não causa benefícios após décadas de fumo acumulado.
“Já temos dados bem seguros da literatura científica provando que a
qualquer momento em que o indivíduo abandone o tabagismo terá
benefícios, como melhora de qualidade de vida, de performance
respiratória e anos depois, o risco de câncer de pulmão começa a reduzir
mais, assim como o risco das doenças cardiovasculares”, enumerou o
médico.
A patologista da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Thais
Mauad, enfatizou que nunca é tarde para deixar de fumar. “Parar de fumar
é a medida mais importante para melhorar a qualidade de vida e até
prolongá-la, mesmo em pacientes mais velhos, parar de fumar traz
benefícios à saúde. Entre aqueles que pararam aos 60 anos, observou-se
um ganho [de vida] de até dois anos em homens e três anos em mulheres”,
disse ela.
Edição: Marcos Chagas
Fonte: Agência Brasil
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