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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Mínimo de R$ 722,90...

Salário mínimo terá a menor alta em 15 anos
30/08/2013
 

Para 2014, o governo federal prevê correção de 6,6% no menor salário pago no país. É o reajuste mais baixo desde 1999.



Os trabalhadores que recebem o salário mínimo serão atingidos em cheio pelo baixo crescimento da economia no governo Dilma Rousseff. Segundo a proposta de Orçamento de 2014, encaminhada ontem pelo Ministério do Planejamento ao Congresso Nacional, o reajuste do rendimento básico no país será de apenas 6,6%, o menor desde 1999. O valor a ser pago a partir de janeiro próximo foi fixado em R$ 722,90, com impacto de R$ 29,2 bilhões no caixa da Previdência Social.
Diante dessa correção, o mínimo terá, na atual administração, aumento médio anual de 9,1%, inferior aos ganhos observados nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (17,6% e 11,5%) e nos dois períodos de Lula (14,1% e 9,9%). O salário-base é corrigido pela variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes (no caso, 2012, quando houve crescimento de apenas 0,9%) e da inflação do exercício anterior (2013), projetada pelo Ministério da Fazenda em 5,72%, inferior aos 6,1% estimados pelo mercado. Ou seja, é possível que o mínimo tenha perda real em 2014, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o índice oficial do custo de vida.
Críticas
Se o novo valor do mínimo deverá desagradar aos trabalhadores, os números totais do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) para 2014 receberam uma saraivada de críticas dos especialistas, por conterem, segundo eles, projeções irreais para a economia, que inflam as receitas e as despesas. "Do ponto de vista fiscal, o reajuste do salário mínimo é até algo positivo. O problema está nos indicadores macroeconômicos. Não dá para acreditar em crescimento econômico de 4% no ano que vem", disse Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra. "O Orçamento está irrealista e pode prejudicar a execução dos gastos públicos em 2014", acrescentou.
Nos cálculos de Alexandre Póvoa, economista-chefe da Canepa Asset, se realmente quiser dar um mínimo de credibilidade ao Orçamento do próximo ano, o governo terá de refazer as contas e mostrar números piores para a economia, mesmo 2014 sendo um ano de eleições. Ele explicou que as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), de 4%, e para a inflação, de 5%, estão exageradamente otimistas. "Infelizmente, o que vemos é um Orçamento informal, distante da realidade. Nem mesmo a meta de superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida), de 2,1% do PIB, é factível. Uma pena, pois só contribui para aumentar a desconfiança no país", destacou.
Mudança nos EUA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que os dados são provisórios e prometeu uma revisão em janeiro, "com mais realismo". No entendimento dele, é preciso esperar o que acontecerá nos Estados Unidos, depois da mudança da política monetária de lá. O Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, já avisou que reduzirá os estímulos dados à maior economia do planeta. "Faremos os ajustes à luz da realidade que teremos no início do próximo ano", reforçou.
Para o ministro, com a recuperação das economias desenvolvidas, o Brasil tende a voltar a apresentar um bom movimento de comércio internacional, o que poderá inflar o PIB. "Se isso ocorrer, o comércio internacional estará mais intenso, vamos recuperar as exportações. Portanto, é possível chegarmos aos 4% de crescimento do PIB", assinalou Mantega. Segundo ele, mesmo que o Fed suspenda os estímulos à economia dos EUA, não deverão faltar recursos nos mercados internacionais. "Eles (o Federal Reserve) estão falando em reduzir o fluxo de liquidez, não acabar com ele. Não me parece que virá um cenário de recessão de liquidez", disse.
Na avaliação da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o importante é que "as principais despesas do governo estão sob controle e, em alguns casos, caindo". O Orçamento total para 2014 será de R$ 2,36 trilhões. Desse montante, os investimentos, somando os realizados pelas estatais, pela área de seguridade e pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), serão de R$ 186,6 bilhões. Entre as despesas, o governo definiu quatro prioridades: saúde (com R$ 100,3 bilhões), educação (R$ 92,4 bilhões), PAC e Minha Casa, Minha Vida (R$ 63,2 bilhões) e Brasil sem Miséria (R$ 32,5 bilhões).
» Apoio às concessões
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a Caixa Econômica Federal participará de um consórcio com os bancos privados para financiar os leilões de concessão de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos. Com isso, porém, a instituição reduzirá a atuação no segmento de grandes empresas. Segundo o ministro, para essa fatia do setor privado, as condições encontradas no mercado são melhores do que a Caixa pode oferecer.

Correio Braziliense/Portal ClippingMP

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