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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

"Queda da inflação é uma maravilha"

Autor(es): KARLA CORREIA
09/08/2013

Dilma comemora o recuo do IPCA de julho, mas consumidores continuam reclamando da carestia, que, na avaliação do Planalto, é a maior ameaça à reeleição da presidente

O dentista Marcelo Pereira da Silva contesta a informação de que preço das roupas tenha caído: "Não percebi"


A relativa estabilização do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que aumentou apenas 0,03% em julho, foi comemorada, ontem, pela presidente Dilma Rousseff. "A queda da inflação é uma maravilha", disse Dilma, em uma rápida fala depois de solenidade para apresentação de novos oficiais-generais, em Brasília.

No Palácio do Planalto, o descontrole da inflação é visto como uma das principais ameaças aos planos da presidente, que se prepara para disputar a reeleição em 2014, mas enfrenta uma forte queda de popularidade, conforme mostram as mais recentes pesquisas de opinião pública. Desde antes das manifestações que tomaram conta das ruas, em junho passado, os adversários em potencial — em especial o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) — já exploravam a alta da carestia como a medida da viabilidade da candidatura Dilma nas eleições do próximo ano. 

Não por acaso, o resultado do IPCA foi tão enfatizado pela presidente. Perguntada sobre o leilão do trem-bala, que pode sofrer novo adiamento, pela falta de candidatos a levar adiante a empreitada, a presidente desconversou. "A cesta básica é mais importante", afirmou Dilma. O preço dos gêneros de primeira necessidade caiu nas 18 cidades pesquisadas mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Mais cedo, durante reunião com senadores do PT, a presidente já havia reforçado o otimismo com a situação da economia. "Ela sabe os desafios que enfrenta, mas tem a convicção de que temos a inflação sob controle", relatou o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI). 

Reclamações
No discurso que a presidente tenta emplacar, o controle da inflação é o resultado de medidas anteriores tomadas pelo governo. "Tem um momento em que temos de trabalhar a parte técnica, da governança. Agora, essas políticas começam a dar frutos", disse Dias. Na percepção das pessoas que precisam lutar diariamente pelo sustento, no entanto, a situação não é tão cor-de-rosa. 

O porteiro João André Ribeiro, 43 anos, por exemplo, conta que faz visitas diárias a mercados da capital federal em busca de preços mais em conta. "Vou de segunda a segunda em cinco a seis mercados", garantiu. "Não tem outro jeito. Se não comprarmos em promoção fica difícil", disse ele, que mora com a esposa e quatro filhos. O servidor público Carlos Orfila, 44 anos, morador de Águas Claras, reclama dos preços do combustível. "Continua caro. Gasto uma média de R$ 650 mensais com gasolina. Infelizmente é o preço a se pagar pela má qualidade do transporte público. Entre conforto e metrô lotado, escolho o meu carro", considerou.

Pelos dados divulgados pelo IBGE, responsável pelo IPCA, os artigos de vestuário tiveram queda de 0,39% em julho, o que é contestado pelo dentista Marcelo Pereira da Silva, 31 anos. "Não percebi essa redução", afirmou. "Tem camiseta sendo vendida a R$ 149,90. Há quatro meses, encontrava uma da mesma qualidade por R$ 80", acrescentou. Para não sofrer com os preços, ele sempre pede descontos. "Compro à vista para tentar barganhar. Na maioria das vezes consigo, mas sempre a níveis baixos", disse. 

» Brasil está fraco, diz OCDE

A economia brasileira continua dando sinais de fraqueza econômica, segundo relatório divulgado ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O índice de indicadores antecedentes do país, calculados pela entidade, recuou de 99,1 para 98,8 pontos entre maio e junho, numa escala em que números abaixo de 100 indicam retração da atividade. A mesma tendência é verificada na China e na Rússia, ao passo que países europeus, Estados Unidos e Japão estão se recuperando. Para a OCDE, os dados mostram que os emergentes já não lideram o crescimento global, como vinham fazendo desde 2008.

Fonte: Correio Braziliense

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