Autor(es): Por Guilherme Serodio e Rafael Rosas | Do Rio
06/08/2013
O secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, exonerou na tarde de ontem o comandante-geral da Polícia Militar do Estado, coronel Erir Ribeiro Costa Filho.
A exoneração acontece após Beltrame criticar publicamente Erir Ribeiro pelo decreto publicado na sexta-feira que anistia punições administrativas dadas a policiais militares responsáveis por pequenos delitos e desvios de conduta.
Desde a semana passada, quando o governador Sérgio Cabral (PMDB) mudou de postura na resposta às manifestações que ocupam as ruas da cidade há quase dois meses, fontes da polícia afirmavam que Erir Ribeiro poderia cair devido às críticas à conduta da PM.
A cúpula da segurança vinha recebendo críticas pela resposta violenta da PM às manifestações de rua no Rio. Outra crítica foi quanto ao desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, que sumiu em 14 de julho depois de ser levado por policiais para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rocinha. A gota d"água, no entanto, foi a anistia publicada em documento interno da PM que limpa anotações nas fichas dos policiais, favorecendo promoções.
Em nota, Beltrame afirmou apenas que as "mudanças fazem parte do processo de gestão e devem ser vistas com naturalidade". Beltrame ainda avalia o nome do próximo comandante.
Buscando reduzir a temperatura nos protestos que têm como principal tema as críticas ao governo, também ontem Cabral publicou decreto restringindo o uso de helicópteros a missões oficiais ou casos que envolvam a segurança de autoridades.
Para acalmar os ânimos dos que criticam a administração privada e os altos custos das obras do estádio do Maracanã, o governador afirmou, pelo twitter, que a escola municipal Friedenreich, no complexo do estádio, não será mais demolida, o que estava previsto no edital de licitação.
Em julho, Cabral foi criticado por utilizar helicópteros no trajeto diário entre a Lagoa - próximo à sua casa, no Leblon - e o Palácio Guanabara, sede do executivo estadual. O trajeto tem menos de dez quilômetros. Os helicópteros também transportavam família e empregados do governador à casa de praia dele em Mangaratiba.
Foi estabelecido que a partir de hoje, o uso fica restrito ao governador, vice-governador, chefe do legislativo e judiciário estadual, secretários de estado e presidentes de autarquias e empresas públicas. O documento orienta, ainda, que as aeronaves sejam compartilhadas pelas autoridades "sempre que possível" e define que sua utilização deve ser solicitada à Secretaria da Casa Civil. Motivo da viagem, trajeto e nomes dos ocupantes também precisarão ser informados. A punição para a utilização de aeronaves em desacordo com a nova regra prevê sindicâncias e processos disciplinares.
Em entrevista ao Valor, na última quinta-feira, Cabral negou que a utilização de helicópteros para fins particulares já estivesse prevista no código de conduta aprovado por ele em julho de 2011, durante outra crise de popularidade quando a queda de um helicóptero no sul da Bahia desencadeou uma série de acusações sobre sua relação com empresários como Fernando Cavendish, dono da construtora Delta. O código buscava evitar a ocorrência de situações que pudessem "suscitar conflitos entre o interesse privado e as atribuições públicas" das autoridades estaduais.
As medidas do governo parecem não ser suficientes para cessar os protestos. No fim da tarde de ontem, manifestantes ocuparam o antigo Museu do Índio, no complexo do Maracanã. Eles devem discutir hoje o futuro do prédio com a secretaria estadual de cultura.
Fonte: Valor Econômico/Portal ClippingMP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente