O porto do Rio está dando um passo importante para melhorar a eficiência no transporte de cargas. A iniciativa busca pensar a logística de forma integrada, à semelhança do pacote para estradas e ferrovias lançado esta semana pelo governo federal. Uma coalizão de forças formada pela União, o Estado, o município e a iniciativa privada lança, na segunda-feira, o programa Porto do Rio Século XXI. É uma versão atualizada de um programa que começou a ser forjado há seis anos. Ele prevê uma série de obras, a maioria delas já com projetos estruturados, para melhorar os acessos rodoviários, ferroviários e aquaviários ao porto, cujos principais terminais vão passar por expansões.
O investimento total no projeto, em horizonte de cinco anos, alcança cerca de R$ 3 bilhões, entre recursos públicos e privados. O investimento público, via governo federal, soma R$ 1 bilhão e outros cerca de R$ 2 bilhões deverão ser aportados pelo setor privado. "Com o programa, o porto do Rio passará a ter uma logística toda integrada", diz o secretário estadual de Transportes do Rio, Julio Lopes. O programa é dividido em três partes na área de infraestrutura: obras de acesso rodoviário, ferroviário e marítimo. Do investimento público, R$ 167,2 milhões foram aplicados, o que considera a primeira fase do programa de dragagem do porto do Rio, obra incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A iniciativa privada investiu quase R$ 10 milhões em projetos e estudos.
Uma primeira versão do Porto do Rio Século XXI foi apresentada em 2006 e, a partir dali, se deu início às obras iniciais: a primeira fase da dragagem, a construção de uma via rodoviária alternativa e a remoção de uma favela que ficava rente à linha férrea que chega ao porto.
Luiz Henrique Carneiro, presidente da Multiterminais Logística Integrada, diz que essa primeira etapa de obras motivou a iniciativa privada a também investir para aumentar a capacidade de movimentação de cargas. A Multiterminais e a Libra Terminais vão investir cerca de R$ 1 bilhão no total para quadruplicar a capacidade de movimentação de contêineres. A Multi-Car, empresa da Multiterminais, também vai ampliar a capacidade de seu terminal de carros, com a construção de um edifício garagem. Carneiro prevê começar as obras até o fim de 2012.
Delmo Pinho, subsecretário de Transportes do Rio, diz que há outros projetos privados mapeados na área de influência do porto, inclusive no bairro vizinho do Caju, que podem chegar a R$ 500 milhões. Mas o potencial de investimentos privados com os novos acessos ao porto é maior, daí que a cifra total estimada, entre recursos públicos e privados, chegue a R$ 3 bilhões.
Na área de infraestrutura, um dos principais projetos é a construção da Avenida Portuária, um viaduto em pista dupla que fará a conexão entre a ponte Rio-Niterói e a Linha Vermelha, uma das vias de acesso ao Rio, o que permitirá desafogar o trânsito perto do porto. Na área do porto e adjacências, circulam hoje 200 mil veículos por ano, número que deve subir para 300 mil em 2015, a maioria caminhões de grande porte. O porto do Rio fica na região central da cidade.
Pinho afirma que um aspecto importante do programa logístico do porto do Rio é sua ligação com o Porto Maravilha, projeto de revitalização da região portuária da cidade, que inclui intervenções na Praça Mauá e a reurbanização da Avenida Rodrigues Alves, entre outras iniciativas. Pinho diz que o Rio trabalha junto ao governo federal para que o projeto Porto do Rio Século XXI seja o primeiro projeto incorporado ao Programa Nacional de Logística Integrada (PNLI).
Em uma segunda fase, será feita a ligação entre porto e a Avenida Brasil. No total, o viaduto da Avenida Portuária terá cerca três quilômetros de extensão e está orçado em R$ 344,6 milhões. O secretário Julio Lopes conversou com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, esta semana, em Brasília, e a ideia, segundo Lopes, é que as obras na primeira fase do viaduto sejam contratadas pela concessionária da ponte Rio-Niterói, que será indenizada pelo governo federal ao longo do prazo da concessão.
Na área rodoviária está prevista ainda a construção de um "truck-center", um centro de apoio ao caminhoneiro na retroárea do porto, estrutura que depende de investimento privado. Na parte ferroviária, será preciso erguer três viadutos para passagem de veículos, além de um viaduto ferroviário. No acesso marítimo, está incluída uma segunda etapa da dragagem para aumentar a largura e a profundidade do canal de acesso ao porto e permitir a entrada de navios maiores.
Fonte: Valor Econômico
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