WASHINGTON - Os EUA e seus aliados árabes estão reunindo forças para
construir um sistema de defesa antimísseis no Golfo Pérsico para
proteger cidades, refinarias de petróleo, dutos e base militares de um
possível ataque do Irã, segundo fontes do jornal “New York Times”. A
iniciativa tem como objetivo mandar uma mensagem para o governo de Teerã
e ganha um caráter urgente, considerando a escalada das tensões com o
Irã.
No entanto, a criação vai exigir que os aliados no Golfo
Pérsico deixem de lado as desavenças, compartilhem informações e
coordenem seus arsenais individuais de interceptação de mísseis para
construir um escudo que proteja a todos. A secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton, que está entre os primeiros líderes a defender a
necessidade do sistema, tentou seu estimular a cooperação dos aliados em
recente visita à Arábia Saudita.
- Nós podemos fazer mais para
defender o Golfo criando uma cooperação na defesa de mísseis balísticos -
disse ela, em encontro em março com o Conselho de Cooperação do Golfo,
que inclui países como o Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e
Emirados Árabes Unidos - Para defender uma nação com eficiência, às
vezes é necessário um sistema de radares com o apoio do país vizinho -
afirmou. - É cooperação o que precisamos agora para arregaçar as mangas e
começar a trabalhar - acrescentou.
Para
a construção do escudo, seria necessária a instalação de mais radares
para aumentar o alcance da cobertura de alertas pelo Golfo Pérsico,
assim como a introduzir sistemas de controle, comando e comunicação que
pudessem facilitar a troca de informações entre os países e impedir o
míssil. Sobre o andamento da proposta, o Pentágono anunciou a venda de
duas radares antimísseis para os Emirados Árabes, no ano passado, e mais
um para o Qatar no início de 2012.
Escudo europeu x escudo no Golfo Pérsico
No
entanto, a iniciativa de construir o sistema em território árabe é
dividida com iniciativa de tentar construir um escudo semelhante na
Europa para deter ataques do Irã e, se necessário, atenuar bombardeios
de mísseis em território de aliados e dos EUA.
Apesar das
similaridades, a criação do sistema na Europa está sendo abraçada pela
Otan e as medidas necessárias estão sendo postas em prática, depois de
negociações formais com países que vão guardas radares, interceptadores,
e navios equipados para achar mísseis e derrubá-los.
Em
contraste, o esforço do Golfo Pérsico parece estar por trás dos
holofotes e baseado somente em negociações entre países, com bilhões de
dólares negociados bilateralmente pelos EUA e as nações da região.
Apesar disso, o próximo desafio é convencer as nações árabes a deixar de
lado suas desavenças para criar o sistema integrado que proteja toda a
região.
Venda de armas detalha progresso de escudo no Golfo Pérsico
Enquanto
autoridades não divulgam a lista total de vendas de armas, uma análise
em documentos públicos - anúncios de contratos do Departamento de Defesa
dos EUA, notificações de transferências estrangeiras de armas e estudos
realizados pelo Congresso oferecem detalhes da iniciativa americana.
Se
o sistema de defesa planejado para a Europa está crescendo como um
projeto perfeito de engenharia, o escudo do Golfo Pérsico está mais para
uma montagem de quebra-cabeça. E com as últimas vendas de armas,
importantes peças foram unidas. Há três semanas, o Pentágono informou ao
Congresso a última novidade para a iniciativa no Golfo: a venda de 60
mísseis PAC (Patriot Advanced Capability), 20 plataformas de lançamento e
quatro radares para o Kuwait, uma venda no valor de US$ 4,2 bilhões.
Segundo documentos, o país árabe já havia comprado 350 mísseis PAC dos
EUA entre 2007 e 2010.
Os Emirados Árabes adquiriram mais de US$
12 bilhões em sistemas de defesa de mísseis nos últimos quatro anos, de
acordo com outros registros. Em dezembro, o Pentágono anunciou um
contrato - avaliado em US$ 2 bilhões - para prover aos Emirados dois
lançadores de mísseis de última geração para o sistema chamado de Defesa
Terminal para Áreas de Grande Altitude, incluindo radares e sistemas de
comando.
Além disso, um outro contrato avaliado em mais US$ 2
bilhões, para a venda de mais um arsenal interceptadores de mísseis -
também foi fechado. A Arábia Saudita também comprou US$ 1,7 bilhão em
mísseis PAC dos EUA no ano passado.
A própria Marinha americana
também contribui significantemente com o sistema de defesa do Golfo
Pérsico. De acordo com autoridades das Forças Armadas dos EUA, sistemas
Aegis de defesa de mísseis, carregados em embarcações americanas no
local, são cada vez mais instalados em bases na região.
Do ponto
de vista técnico, nenhum sistema de defesa antimísseis é 100% eficaz. A
tarefa de construir o escudo se torna mais difícil por causa das
diferenças políticas históricas entre países na região. Estados têm
reforçado suas respectivas defesas por contratos bilaterais com os EUA
e, mesmo que todos os seis membros do Conselho de Cooperação do Golfo
compartilhem dos mesmos temores sobre o Irã, todos eles têm resistido a
tomar decisões multilaterais sobre iniciativas de defesa.
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