quinta-feira, 09 de agosto de 2012 | 10:40
Mauro Santayana
Com a sua visão de Estado, Tancredo Neves sempre se preocupou com as
forças armadas. Sua tese era a de que os políticos do Império e, mais
tarde, da República, foram os primeiros responsáveis pela sedução dos
militares brasileiros pelo poder. Eles deveriam ter sido tratados com
respeito e, nesse respeito, ser entendida a sua separação das decisões
políticas, com a necessária submissão ao poder civil – e a melhor
recompensa possível pelos seus serviços, na manutenção da soberania
nacional e da integridade do território pátrio.
O político mineiro lembrava, sempre, a advertência de Bernardo
Pereira de Vasconcelos contra a decisão do governo de Pedro I, em
conferir poder judiciário à Comissão Militar, comandada pelo brigadeiro
Francisco Lima e Silva, pai do Duque de Caxias, enviada ao Nordeste a
fim de combater a Confederação do Equador. Essa comissão, e outras que
se seguiram foram impiedosas na repressão aos combatentes. Só em 1824,
na luta contra os pernambucanos, onze revolucionários foram condenados à
morte, entre eles, Frei Caneca.
É desse tempo – não obstante a visão política pacificadora do Duque
de Caxias – que surgiu a idéia subjacente em alguns setores militares de
que, além de defender as fronteiras, também seria deles parte da
responsabilidade política do Estado, como condestáveis da República e,
mesmo, quando considerassem necessários, pela chefia do Estado e
condução do governo nacional – como ocorreu em 1964.
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RESPONSABILIDADE
RESPONSABILIDADE
Os militares – e nisso coincidia Tancredo com Maurício de Nassau –
devem ser muito bem remunerados, tendo em vista que é deles a
responsabilidade de garantir a incolumidade de todos os seus
concidadãos. “É preciso tratar bem os homens da guerra” – aconselhava
Nassau. “Um país subdesenvolvido, como o nosso, não se pode dar o luxo
de pagar mal aos seus militares” – ponderava Tancredo. Ele desenvolvia
seu raciocínio, ao afirmar que as forças armadas necessitam de homens
bem preparados intelectualmente e bem treinados, a fim de estar sempre
preparados para a indesejável eventualidade da defesa de nossa
soberania.
A revelação dos vencimentos dos militares e sua comparação com a dos
outros servidores federais – de todos os três poderes – demonstra que o
orçamento de pessoal não lhes faz justiça. Se os vencimentos dos
servidores do Congresso forem conhecidos (como se sabe, o sindicato que
os representa conseguiu impedir a divulgação de seus contracheques) a
opinião pública ficará estarrecida com a diferença entre o que ganha,
por exemplo, um capitão de qualquer das armas, e um motorista do Senado.
Entre o que recebe um tenente coronel e um assessor de primeiro nível
da Câmara dos Deputados. A isonomia entre os vencimentos oficiais dos
servidores da União não será um ato de generosidade, mas, sim, de
equidade.
Fonte: Tribuna da Internet
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