02/09/2013 - 23h19
- Nacional
Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
Cotia (São Paulo) – O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
voltou a cobrar hoje (2) do governo federal uma política nacional
voltada para a população afetada pelos lagos formados pelas
hidrelétricas. O movimento esperava a publicação de um decreto da Presidência da República até o início deste mês, para regular a questão, mas isso não ocorreu.
“O decreto iria organizar a relação entre a construção das
hidrelétricas e os atingidos [pelas obras], que hoje é totalmente
desigual e injusta. Isso beneficiaria o próprio setor elétrico
brasileiro", disse o coordenador nacional do MAB, Joceli Andrioli.
Além disso, o decreto poderia ajudar a evitar injustiças, que criam
conflitos e vários problemas de violação de direitos humanos. "O Brasil
tem queimado sua imagem internacionalmente”, destacou Andrioli.
O MAB abriu, nesta noite, encontro nacional no município paulista
de Cotia. Os organizadores estimam a participação de 3 mil pessoas,
incluindo representantes de 20 países. Os integrantes do MAB pretendem
usar o evento, que vai até quinta-feira (5), para pressionar o governo
federal a instituir uma política nacional de direitos para os afetados
pelas barragens.
“A gente vem pautando [essa política] há muito tempo no governo
federal. Tínhamos a expectativa de chegar a este encontro e ter um
decreto assinado pela presidenta Dilma instituindo, pela primeira vez no
Brasil, uma lei, uma política de direitos que garantisse os direitos da
nossa população”, lamentou Andrioli.
No decreto, o movimento esperava ver definidas questões como a
criação de um órgão específico do governo para tratar do tema; a
instituição de fundo de recursos a ser usado nas demandas sociais quando
da construção de hidrelétricas; a obrigatoriedade de aplicação desse
fundo; e a extensão de direitos para toda a população atingida pelas
represas. Hoje, a garantia jurídica existente é o Decreto-Lei 3.356, de
1941, que reconhece como atingidos apenas os proprietários de terra,
com escritura, que forem desapropriados para execução da obra, e
estabelece a indenização em dinheiro como única compensação.
“Propomos criar projetos de desenvolvimento em torno dos lagos já
construídos. Para isso, é necessário um fundo, uma política de
reorganização fundiária, de reassentamento das famílias que ficaram sem
terra. É necessário ter uma política de desenvolvimento”, resumiu
Andrioli.
De acordo com o movimento, no Brasil, já foram construídas mais
de 2 mil barragens, que deslocaram em torno de 1 milhão de pessoas.
Atualmente, 45 grandes e pequenas barragens para geração de eletricidade
estão em construção e, até 2021, estão previstas mais 99.
Edição: Nádia Franco
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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